André Ventura visitou o túmulo de D. Afonso Henriques na Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, e disse que o primeiro rei de Portugal, “o pai da nacionalidade”, representa a sua luta enquanto líder do Chega e candidato presidencial. Perante o maior protesto que teve de enfrentar na sua campanha, com cerca de uma centena de ativistas antifascistas, afirmou ter “o dever histórico de dizer que nenhuma minoria ruidosa” poderia impedi-lo de “salvar Portugal”. O tom salvífico de homem providencial, que se ancora em figuras do passado para alavancar uma refundação que defende ser necessária, foi uma constante nestas duas semanas de campanha. D. Afonso Henriques, o castelo de Guimarães e D. Nuno Álvares Pereira foram alguns dos símbolos que utilizou na sua propaganda.
“Tal como movimentos da direita autoritária conservadora do século XX, André Ventura procura legitimar-se através da História. Ao revisitar locais e figuras do passado, Ventura procura inscrever-se na História nacional, ou seja, apresenta-se na continuidade do que lhe antecedeu, como se fosse o seu natural seguimento”, comenta ao Expresso Elisa Lopes da Silva, historiadora do Estado Novo no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (UNL). “De resto, tal como outras direitas autoritárias mais recentes na sua relação com o passado guerreiro da nação: é um gesto comparável ao de Jean-Marie Le Pen em relação à figura da Joana d’Arc”, exemplifica.