E ao sexto dia, João Ferreira puxou da Constituição. Não no discurso, uma vez que a lei fundamental já é citada pelo candidato todos os dias, em todas as ações a que vai. Foi mesmo um exemplar físico da Constituição. Embalado por um discurso que ia em tom de crescendo, o comunista começou a levar a mão ao casaco, puxou por qualquer coisa e lá revelou que ali trazia o livro de bolso, empunhando-o com orgulho enquanto ouvia os gritos dos apoiantes - “João, avança, com toda a confiança!”.
A imagem que ali criou não foi inocente e serviu de resposta direta a André Ventura, sem nunca o nomear. De manhã, em Coimbra, o candidato já tinha puxado pelo assunto dos “populismos”, revelando a sua receita para os combater numa ação de contacto com os trabalhadores dos CTT: é numa lógica de “bem comum” e “serviço público” que se resolviam os anseios dos descontentes. À tarde, num encontro na Baixa da Banheira, voltou à carga: se há dias tinha recusado responder aos insultos de Ventura, desta vez deixou que a Constituição fosse a resposta.