O tema proposto era “o impacto da arquitetura na transformação das cidades”, mas nem por isso ficou esquecida a falta de habitação a preços acessíveis e a forma como os arquitetos podem contribuir para esse desafio. Gonçalo Lopes, presidente da câmara municipal de Leiria; Avelino Oliveira, arquiteto e presidente da Ordem dos Arquitetos e os arquitetos Miguel Saraiva e Moreira de Figueiredo foram os oradores da conferência que se realizou esta tarde em Leiria, no espaço Black Box. Além de inserido na VII edição dos Prémios do Imobiliário, o encontro integrou também as comemorações dos 155 anos do nascimento de Ernesto Korrodi, arquiteto suíço conhecido por ser o mais português dos arquitetos estrangeiros e que teve uma atuação particular na cidade de Leiria. Estas são as principais conclusões.
- O arquiteto e a arquitetura são “indutores de alterações económicas e sociais”, diz Miguel Saraiva, mas esse papel foi-se perdendo ao longo dos anos e à medida que os Governos se foram desresponsabilizando de fazer cidade e planeamento urbano, acrescenta.
- Prova disso é a “desvalorização do valor do arquiteto”, exemplifica Avelino Oliveira, lembrando o pouco que hoje se quer pagar pelos serviços de arquitetura.
- “O preço não pode ser a referência na contratação dos arquitetos”, acrescenta Miguel Saraiva.
- De acordo com Moreira de Figueiredo, o Estado passou essa responsabilidade de fazer cidade para os privados. “Entre 1964 e 2002 são mais de 400 loteamentos aprovados”, conta.
- Mas o que aconteceu foi a construção de loteamentos e edifícios de forma avulsa e sem critério, nota Miguel Saraiva.
- E é isso que irá acontecer agora se se continuar a não fazer um planeamento urbano adequado. Primeiro é preciso que esses planos não demorem mais de 10 anos a ser aprovados e depois é preciso que o Estado e o sector privado trabalhem em conjunto.
- Porque se se fizer construção acessível em emergência, ela será também avulsa e sem critério, contribuindo para a existência de piores cidades.