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SIS e Galamba dividem esquerdas no relatório da TAP: PCP quer polémicas fora do documento, Bloco discorda

Com as audições terminadas, segue-se a redação do relatório da CPI à gestão da TAP que deverá ser conhecido em julho. Enquanto PCP quer a intervenção do SIS e as polémicas no Ministério das Infraestruturas fora do documento, Bloco considera essa inclusão “incontornável”. “O que aconteceu nas audições, de esquecer e ignorar o tema da TAP, não deve acontecer no relatório”, disse Bruno Dias

Antonio Pedro Ferreira

Terminaram as longas 46 audições da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão pública da TAP, mas os trabalhos estão longe de chegar ao fim. Com um relatório final a ser cozinhado por uma deputada socialista – e que deve chegar aos deputados no final de julho –, os partidos de esquerda dividem-se quanto às matérias que devem integrar este documento. Em coerência com o discurso praticado até agora, o PCP espera que o relatório se centre nas políticas da TAP e que deixe de fora as polémicas que decorreram no Ministério das Infraestruturas na noite de 26 de abril. Pelo contrário, o Bloco de Esquerda considera os acontecimentos “incontornáveis” e uma exclusão do relatório pode pôr em causa a luz verde dada pelo partido no dia da votação. Os dois maiores partidos da esquerda divergem também quanto às “consequências políticas” que o executivo socialista deve retirar do inquérito. A demissão de João Galamba é obrigatória para os bloquistas, já o PCP defende apenas uma mudança nas “opções políticas” que incluem a paragem do processo da privatização da TAP.

“Para nós [PCP], as coisas refentes ao SIS e os telefonemas entre elementos do Governo não têm a ver com a TAP. Não deveriam ter sido temas de audições e não devem ser os temas do relatório”, diz ao Expresso Bruno Dias, deputado pelo PCP na CPI à gestão pública da TAP. Desde o início do inquérito, o comunista centrou as suas intervenções na gestão da companhia aérea e desvalorizou as polémicas adjacentes como as alegadas agressões dentro do Ministério das Infraestruturas e a ação do SIS na recuperação do computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto de João Galamba. O foco nestes incidentes representaram, para o comunista, um “esquecer e ignorar” do “tema da TAP”. “Às tantas, parecia que alguns já se tinham esquecido da razão daquela CPI e não tenho a certeza que tenha sido por lapso”, atirou. Agora, na redação do relatório final, Bruno Dias espera que estas polémicas fiquem fora das linhas.