Política

José Luís Arnaut em alto cargo da Goldman Sachs

Advogado vai integrar um dos 18 lugares do International Advisory Board, onde estão personalidades como Robert Zoellick ou Otmar Issing.

Ana Sofia Santos e João Vieira Pereira

José Luis Arnaut foi hoje nomeado para o International Advisory Board (Conselho de Consultivo Internacional) da Goldman Sachs, um dos mais restritos grupos da alta finança, que é constituído por 18 membros e liderado por Robert Zoellick, ex-presidente do Banco Mundial.

Arnaut vai ter a seu lado nomes como Otmar Issing, antigo economista chefe do Banco Central Europeu, ou Lord Griffiths, ex-conselheiro de Margaret Thatcher.

Este conselho de administradores não-executivos foi criado para servir como apoio para os principais clientes em todo o mundo em temas como estratégia, política e assuntos económicos. Mas serve sobretudo para abrir portas para futuros negócios para o banco americano.

Zoellick enfatiza, no comunicado oficial do banco americano, os "riquíssimos conhecimento e experiência" neste mercado e salienta que Arnaut "é um excelente reforço para o International Advisory Board".

José Luís Arnaut é o primeiro português a assumir este cargo e substitui o ex-primeiro ministro italiano e antigo comissário europeu Mario Monti. Sob a sua responsabilidade terá o mercado do sul da Europa e também países do Médio-Oriente, a África francófona e ainda Angola e Moçambique. O advogado vai permanecer no 'board' managing partner da CMS Rui Pena & Arnaut (RPA, bem como no 'board' da CMS Legal.

Além da intensa carreira política, como deputado e ministro, José Luís Arnaut teve um pé em grandes operações. Esteve nas privatizações da REN (foi nomeado seu administrador não-executivo, após a alienação) e da ANA (foi assessor jurídico do concorrente que ganhou a privatização da ANA, o grupo francês Vinci e, depois, passou a presidir à assembleia-geral da empresa), tendo sido a escolha da TAP para a operação de venda de capital que o Estado tem na companhia (e que não se concretizou).

Aliás, chegou a ser acusado de favorecimento nas privatizações. E a sua nomeação para a REN foi polémica, já que a Rede Elétrica Nacional é cliente do seu escritório e a RPA participou, através de um contrato com a então Direção-Geral de Energia, na elaboração das propostas de lei de base e respetivos diplomas regulamentares do que viria a ser o novo enquadramento legislativo nos sectores da eletricidade, gás natural e petróleo. Já esteve na recente oferta pública de venda dos CTT à Goldman, que com 4,99% se tornou no maior acionista dos Correios.

Nas negociações dos swaps com o Estado, a firma de Arnaut representou também os interesses de alguns bancos, entre os quais a Goldman e o JP Morgan e as reestruturações do BCP e do Banif contaram com a sua mão.

A RPA também assessorou o negócio de compra do capital da empresa SD Gás - Serviços e venda de Gases Liquefeitos de Petróleo pela Gascan e representou a Câmara Municipal de Lisboa (mandato de Carmona Rodrigues) no tribunal arbitral criado para dirimir vários litígios entre o município e o consórcio que construiu o túnel do Marquês.

Arnaut foi eleito deputado à Assembleia da República (AR) em 1999 e foi ministro-adjunto do primeiro-ministro (Durão Barroso), entre 2002 e 2004, bem como ministro das Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional, entre 2004 e 2005. Presidiu à  Comissão de Negócios Estrangeiros da AR e é, desde 2009, presidente da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional da Assembleia da República.

Clique na imagem em baixo para ler o comunicado (em inglês) da Goldman Sachs