Isolado na narrativa sobre a descida do IRS, o Governo garante que nada mudou em relação ao que disse na campanha eleitoral. Ainda assim, o primeiro-ministro promete que vai explicar melhor o que se passou e como vai ser a real descida de IRS. Ou, nas palavras de Luís Montenegro, “densificar” o caso.
“Fui claríssimo” sobre a redução de IRS, afirmou esta quinta-feira à tarde o primeiro-ministro à saída do primeiro encontro do Conselho Europeu em que participou. Para falar da Europa, das guerras na Europa e no Médio Oriente, Montenegro foi, no entanto, questionado sobre alguns temas nacionais. E preferiu contorná-los.
“Amanhã terei ocasião de densificar de forma absolutamente inequívoca toda essa matéria” da redução de impostos, prometeu Montenegro, que esta sexta-feira reúne o Conselho de Ministros para discutir, e depois apresentar, a medida, o valor exato e os detalhes sobre a sua aplicação. Na origem da polémica esteve o facto de a AD ter prometido uma descida de 1500 milhões de euros no IRS, que só na semana passada ficou claro incluírem a descida promovida pelo anterior Governo, na ordem dos 1200 milhões.
Sobre outros temas nacionais, o primeiro-ministro também não quis adiantar muito mais. “Teria todo o gosto” em dizer quem vai ser o candidato da AD às eleições europeias, mas “não estou aqui”, em Bruxelas, “nessa qualidade” de líder partidário. Por isso, chutou o tema para segunda-feira, quando o PSD reúne o Conselho Nacional para decidir a lista ao Parlamento Europeu.
Sobre o caso de justiça a envolver António Costa, preferiu também uma leitura mais geral, lembrando a proposta que fez na tomada de posse de chamar todos os partidos para definir uma estratégia de combate à corrupção.
Em cerca de 15 dias de Governo, Montenegro teve já de enfrentar duas crises: a do IRS e, antes dela, a da escolha do presidente da Assembleia da República. A isso junta a saída, antes mesmo de entrar, de uma adjunta e ex-deputada do PSD, Patrícia Dantas, para adjunta do ministro das Finanças. Internamente, as aparições de Passos Coelho têm servido para pressionar ainda mais Montenegro. Começo atribulado?
“Estou a contar com grandes desafios”, respondeu Montenegro, “mas muito satisfeito por, nestes 15 dias, já estarmos a cumprir o nosso programa e os objetivos que traçámos. Amanhã teremos reunião do Conselho de Ministros para decidir” a descida de impostos, já “encetámos conversações com algumas áreas da administração pública que têm urgência para ver as suas carreiras estabilizadas” e, no plano europeu, “estamos a cumprir a nossa obrigação”.
Por isso, diz, não há motivo para alarme. “Acho que tudo está a decorrer dentro da normalidade.”