O Governo está a avaliar a compra ao empresário Marco Galinha as suas participações na Agência Lusa. Marco Galinha tem 45,7% da agência noticiosa através de participações da Global Media, empresa que é dona do Diário de Notícias, da TSF e do Jornal de Notícias, e do grupo Bel, a holding que agrega cerca de 50 empresas e é liderada por Galinha.
Desde agosto que Marco Galinha tinha tornado pública a intenção de vender as participações na Lusa, por entender que tinha deixado de ser uma área estratégica de investimento. Ao que o Expresso sabe, o Governo tomou a iniciativa de avaliar a compra dessa participação para evitar que algum fundo estrangeiro fique com uma parcela tão grande da agência de notícias portuguesa.
A Lusa é detida em 50,15% pelo Estado. O restante capital pertence à NP-Notícias de Portugal, que tem 2,72%, ao jornal Público, que tem 1,38%. A RTP tem uma participação de 0,03% e a Empresa Diário do Minho tem 0,01%. Se comprar as participações das empresas lideradas por Marco Galinha, o Estado fica com mais de 95% da agência.
Para evitar que esta decisão venha a ser usada politicamente, com eventuais acusações ao Governo de querer controlar a comunicação social, a tutela, que pertence ao ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, contactou os partidos com representação parlamentar de forma a explicar a situação e a alcançar um consenso - com o PSD em particular.
Fonte oficial do Ministério da Cultura confirmou à Lusa que foi feito um estudo de avaliação dos capitais próprios da agência, que está dependente de aval do Ministério das Finanças: “Concluído este processo, e caso haja acordo com o grupo Bel e a Global Media quanto ao valor da operação, os restantes acionistas privados serão contactados, com o objetivo de apurar da sua disponibilidade para acompanharem um eventual reforço do peso acionista do Estado.”
A ser concretizada uma alteração da estrutura acionista da Lusa, "esta operação implicará necessariamente uma revisão do modelo de governação da agência, de modo a garantir que não haja nenhum risco de interferência política na sua independência editorial", prosseguiu a mesma fonte. "Esta revisão do modelo de governação obriga a um diálogo com os partidos com assento parlamentar, para o qual o Governo está inteiramente disponível", remata o Ministério da Cultura.