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Há seis governantes a acender o "sinal vermelho" no questionário de Costa

Fernando Medina, Ana Abrunhosa, João Galamba, Paulo Cafôfo ou o secretário de Estado do Mar - são vários os membros do Governo que, à luz do questionário que é feito aos novos governantes, poderiam fazer soar alguns sinais de alarme. Marcelo não se cansa de repetir que “é óbvio” que o questionário se aplica aos atuais membros do Governo, Costa nega, mas em São Bento o entendimento não é muito diferente: aplica-se de forma indireta na avaliação diária e permanente que cada um faz das suas condições…

Duarte Cordeiro entre Fernando Medina e Pedro Nuno Santos
Tiago Miranda

António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa não se entendem sobre o muito falado questionário de escrutínio prévio de governantes, que será aplicado pela primeira vez na escolha do novo secretário de Estado da Agricultura. “É óbvio” que o questionário também se aplica aos atuais membros do Governo, vai dizendo e repetindo o Presidente da República na praça pública. Visivelmente incomodado, como quem quer ultrapassar este assunto rapidamente, o primeiro-ministro vai respondendo que não, que os atuais membros do governo não têm de responder ao questionário porque, primeiro, o questionário serve de mecanismo “prévio”, e, segundo, os atuais governantes já entregaram as suas declarações de rendimento e património junto do Tribunal Constitucional. Logo, o “crivo está feito”.

O pingue-pongue a que assistimos na semana passada, com primeiro-ministro e Presidente da República a falarem aos jornalistas para mandarem recados um ao outro, afinal pode querer dizer que os dois estão de acordo na substância, mas não na semiótica: o novo questionário é uma nova bitola, "homogénea", para todos os governantes. Mesmo que os atuais governantes não tenham de responder às perguntas como crivo prévio, “é óbvio” que se sentem impelidos a pensar sobre as respostas e a comunicar se, no meio da sua reflexão, derem conta de algum sinal potencial de alarme. “É óbvio que todos os membros do Governo sabem o grau de exigência que têm, e todos avaliam permanentemente se têm condições para continuar”, ouvia o Expresso no final da semana em São Bento.