Pareceu uma ‘geringonça’ a formar-se em direto, mesmo com as contradições entre os protagonistas. No debate perante o secretário-geral do PCP, o líder socialista estendeu a passadeira cor-de-rosa e o antigo parceiro admitiu desfilar, na condição de “condicionar” o caminho para um tom mais vermelho. Pedro Nuno Santos — num frente a frente em que esteve mais descontraído —, firmou o novo mantra que deverá ensaiar na segunda-feira contra Luís Montenegro: “Temos melhores condições para garantir estabilidade no país”, mesmo sem maioria, estava implícito, “com os partidos com que trabalhámos entre 2015 e 2019”.
Estava dado o mote para uma nova solução, apesar do apelo ao “voto útil” no PS para “derrotar a direita”, que é sempre um argumento que cai bem no eleitorado potencial do PCP. Paulo Raimundo pegou na deixa, apelou aos portugueses para avaliarem bem o desempenho do PS durante a maioria absoluta, e deu o passo em frente, com uma certeza: “Mais do que útil, o voto na CDU é o voto necessário, porque é essa a força que vai condicionar as soluções a partir de 11 de março”. Se o comunista disse que “vai condicionar”, é porque o PCP está disponível para se sentar à mesa depois das eleições. O resto depende da exigência do caderno de encargos que levarem os comunistas, e foi isso que serviu para contrastar a fase seguinte do debate realizado na SIC, com Pedro Nuno a tentar desmontar os argumentos e as propostas do PCP.