Legislativas 2024

Assis diz que aprovar orçamento da AD só “em circunstâncias excecionais” e acusa AD de dar “sinais” de que “favorece entendimento com Chega”

Assis, que deverá ser indicado pelo PS para vice-presidente da Assembleia da República, considera que a “responsabilidade de criar as condições de governabilidade no país” é da Aliança Democrática

TIAGO MIRANDA

Francisco Assis defende que por “princípio e vocação” um partido de oposição deve “votar contra os orçamentos do Estado” porque são a expressão e materialização do programa de governo. O socialista, à saída da Comissão Política do partido que se realizou no Largo do Rato esta quinta-feira à noite, remeteu para a AD a responsabilidade de “criar condições de governabilidade”. “Quem tem a responsabilidade de criar as condições de governabilidade no país não é o PS, é a AD, que ganhou com menos de 30%, não tem maioria absoluta”, disse aos jornalistas.

Para Assis, que deverá ser indicado pelo PS para vice-presidente da Assembleia da República, “seria incompreensível que o PS viesse já agora dizer que está disponível para fazer isto ou aquilo quando ainda não houve um único sinal da parte dos dirigentes da AD de solicitar ao PS seja o que fosse”, disse.

O socialista vai ainda mais longe ao defender que “só em circunstâncias excepcionais" é que se “poderia justificar” o PS aprovar um orçamento da AD, mas “estamos muito longe desse momento”, disse. Referindo que se está a ”criar uma pressão sobre o PS" para que diga o que fazer, Francisco Assis insistiu na ideia de que essa pressão é “incompreensível e inadmissível porque quem tem de criar as condições de governabilidade é quem está no poder".

Assis tem sido sempre defensor de acordos entre os dois maiores partidos, contudo, desta vez cauciona a estratégia de Pedro Nuno Santos e diz ainda que não faz sentido pedir essa responsabilidade ao PS quando “não houve o mínimo sinal no sentido de dizer que quer dialogar com o PS” e, mais, os sinais que vê são em sentido contrário. “Aparentemente os primeiros sinais nomeadamente na constituição da mesa da AR vão no sentido de que o PSD favorece um entendimento com o Chega e não com o PS”, revelou.

Com a insistência dos jornalistas, Assis referiu que em relação a orçamento do Estado, “na altura própria em cada contexto as questões serão avaliadas”, mas que “concorda com a opinião de Pedro Nuno Santos de que é muito difícil votar a favor”.