Cerca de 260 mil votos dos portugueses residentes no estrangeiro nas eleições legislativas foram até escrutinados e registados até ao encerramento dos trabalhos desta terça-feira, ficando por apurar na quarta-feira entre 40 a 50 mil, segundo o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Fernando Anastácio. Para apuramento na quarta-feira ficam entre 40 mil a 50 mil, mais os que entretanto ainda chegarão até às 17h.
De acordo com os representantes dos partidos, ao fim deste segundo dia de apuramento confirmou-se a tendência verificada logo na segunda-feira: eleição de dois deputados para o Chega (Europa e Fora da Europa) um para o PS no círculo da Europa e um para a AD no círculo Fora da Europa. “Santos Silva é praticamente certo que ficará de fora”, disse à RTP José Cesário, um dos representantes do PSD na assembleia da apuramento. “A tendência que se verificava ontem à noite está a confirmar-se hoje. A AD infelizmente não elege na Europa e fora da Europa ganha claramente, mas não estando muito longe do segundo, já não será possível” eleger mais um deputado, afirmou também Cesário, que voltará ao Parlamento, como único deputado da AD eleito pelo círculo da emigração.
José Cesário era o cabeça de lista por Fora da Europa, círculo pelo qual concorria também como cabeça de lista, mas do PS, o ainda presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva, que ficará fora da nova Assembleia da República. Os votos recolhidos no Brasil terão sido determinantes para fazer eleger o cabeça de lista do Chega por este círculo, Manuel Magno, em vez do presidente da Assembleia da República. Manuel Magno foi o escolhido pelo Chega para este círculo depois de o ex-PSD Maló de Abreu ter desistido do lugar.
Já pela europa, o Chega elege José Dias Fernandes e o PS reelege Paulo Pisco, que já reconheceu a derrota dos socialistas na emigração. “O PS passa de três para um deputado. É óbvio que isto não é um bom resultado”, disse o socialista em declarações à RTP. “Temos de compreender que há circunstâncias particulares. Esperávamos que o Chega subisse nos seus resultados, mas não esperávamos que o Chega subisse tanto”, disse ainda o deputado socialista que lamentou que os portugueses que vivem fora e que, tantas vezes, “sofrem a pressão de partidos de extrema-direita acabem por dar a vitória a um partido desta natureza”.
Com a distribuição de deputados a manter a tendência destes dias, o Chega alcança os 50 eleitos, mas não haverá qualquer alteração da diferença entre o PS e a AD que se irá manter nos dois deputados a mais para a coligação que junta PSD e CDS.
Só depois de quarta-feira, último dia da recolha e contagem destes votos, o Presidente da República, que deverá ter ouvido todos os partidos com assento parlamentar até essa data, indigitará o novo primeiro-ministro.