Exclusivo

Legislativas 2024

Ventura usa as manhãs para fazer campanha nas redes sociais: humor, colorido, medo e desinformação

André Ventura grava vídeos nos hotéis especificamente para o Tik-Tok, dirigidos aos jovens. Na rede social X e no Instagram, concentra mensagens mais dramáticas focadas na segurança, partilha vídeos de violência contra bombeiros e polícias, e faz desinformação para desacreditar o processo eleitoral. É o partido e o líder com mais tração nos novos media.

José Fernandes

A caravana do Chega é diferente das outras. André Ventura não tem ações antes do almoço, porque há uma campanha invisível a correr, dirigida a públicos segmentados, que não passa nas televisões e que é uma das maiores armas do Chega junto de um eleitorado que não se informa pelos meios tradicionais. Nesse tempo livre, nos hotéis onde pernoita, o líder da direita radical consegue arranjar cenários para gravar os seus vídeos para o Tik-Tok, para o X (antigo Twitter), Instagram, Facebook e Youtube. E impactar uma multidão de eleitores que não está a ver telejornais, ou que não se informa apenas pelas pelos meios de comunicação social tradicionais .

Nos últimos dias, Ventura tem partilhado vídeos de agressões a polícias, de ciganos contra bombeiros, imagens de insegurança pública para potenciar a mensagem da “lei e ordem”, mas também tem promovido desinformação e generalizações para gerar desconfiança no processo eleitoral. São mensagens sem o filtro e o contraditório do jornalismo - que na verdade todos os partidos procuram promover -, só que o Chega tem muito mais presença e mais intensa nas redes sociais do que todas as outras candidaturas.

O partido de Ventura tem 590 mil seguidores nas cinco principais redes sociais, e é seguido de longe pela Iniciativa Liberal, com 331 mil, segundo um estudo do LabCom da Universidade da Beira Interior (UBI). Ao nível das interações, o Chega lidera com grande distância para os outros partidos - daí que seja uma aposta importante de marketing eleitoral - com 2,3 milhões de interações, contra 408 mil da Iniciativa Liberal, o segundo classificado, no período do estudo, realizado entre e 9 de novembro de 2023 e 19 de fevereiro de 2024.