Os imigrantes brasileiros evangélicos são tradicionalmente ultraconservadores e com forte envolvimento na política, diz Donizete Rodrigues, sublinhando que estas pessoas têm maior adesão às ideias radicais defendidas pelo Chega. Além disso, explica o sociólogo, são maioritariamente jovens e com grande domínio das redes sociais, onde André Ventura é uma autêntica “pop star”
Como se explica que num distrito tradicionalmente de esquerda, como é o caso de Setúbal, onde todas as câmaras já foram comunistas, o Chega possa vir a ultrapassar o PCP?
Em primeiro lugar, é pertinente realçar que o PCP está sistematicamente a perder votos e o Chega está em pleno crescimento em todo o país, sendo já a terceira força política em Portugal. No caso de Setúbal, tradicional reduto político do PCP, uma das explicações para a mudança de votos dos comunistas para a direita radical, como é o caso do Chega, prende-se com uma significativa mudança na composição demográfica e religiosa da população. O distrito tem recebido sucessivos e crescentes fluxos migratórios do Brasil, sendo hoje a terceira região com a maior concentração de brasileiros em Portugal. Eles são maioritariamente jovens e com forte presença e utilização das redes sociais – duas características que favorecem o Chega. Ao contrário, os tradicionais eleitores do PCP são pessoas mais idosas e com fraco domínio das redes sociais.