A política tem destas coisas, e às vezes o pior resultado é o cenário mais favorável para as ambições futuras: lembra-se da derrota de António Costa em 2015, que lhe garantiu quatro anos de Governo? Hoje, o melhor resultado eleitoral para o Chega, tendo em conta o sentido das últimas declarações de André Ventura, deverá ser uma vitória do PS com maioria de direita, que é uma das possibilidades mais prováveis segundo as sondagens.
O raciocínio que vai dando forma às provocações de Ventura ao PSD é este: se os sociais-democratas ganharem, Luís Montenegro forma um governo minoritário e fica à espera que o Chega o derrube para se poder vitimizar e secar o Chega com apelo ao voto útil em futuras eleições (como o Cavaco de 1985/87); mas se o vencedor for Pedro Nuno Santos e o PS, nesse caso, Montenegro já disse que não forma Governo, e é aí que Ventura aposta as fichas todas.
Nesse cenário, o PSD divide-se, entra em sobressalto, e o atual líder laranja é defenestrado e substituído por outro que admita a possibilidade de um acordo com o Chega. Pedro Passos Coelho? Na cabeça de Ventura, é uma possibilidade.