Legislativas 2024

Luís Marques Mendes: se o Chega não estivesse a concorrer “a AD ganhava tranquilamente as eleições”

Das polémicas que têm marcado a campanha da AD, ao discurso no Porto de António Costa, “o maior trunfo eleitoral do Partido Socialista”. No seu habitual comentário aos domingos, na SIC Notícias, Luís Marques Mendes falou sobre o que de positivo e negativo marcou a última semana eleitoral

Um “duche escocês, quente e frio, com pontos bons e maus”. Para Luís Marques Mendes, a campanha da Aliança Democrática tem somado aspetos positivos e negativos, que o comentador sistematizou esta noite, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias.

Sobre as polémicas dos últimos dias, Marques Mendes enumerou os comentários de Pedro Passos Coelho sobre a imigração, a questão levantada sobre um eventual novo referendo sobre o aborto e, ainda, a polémica originada pelo cabeça de lista de Santarém - Eduardo Oliveira e Sousa, antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), considerou que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas”. Momentos menos felizes, segundo o comentador, já que “as polémicas numa campanha desviam da mensagem essencial”.

Quanto aos aspetos positivos, destacou a entrada em cena de Pedro Passos Coelho, não pela afirmação sobre a imigração, mas por considerar positiva a “generalidade do seu discurso”, e por existir previamente uma enorme especulação sobre o antigo líder social-democrata poder estar de costas voltadas para o PSD.

Sobre Luís Montenegro, o comentário de Marques Mendes foi um elogio, pela “atuação e atitude”, citando como exemplo o episódio do ataque com tinta, a que reagiu “com moderação, responsabilidade". "Foi elegante”, afirmou.

Pedro Nuno Santos: inteligente na relação com os partidos à sua esquerda

Já no PS, Marques Mendes disse existirem, também, pontos positivos e negativos. Como ponto alto elegeu o regresso de António Costa, este sábado, nome que considera “o maior trunfo eleitoral do Partido Socialista”. Ficou o destaque positivo para o discurso do ex-líder socialista no Porto, apostando o comentador Costa ainda irá regressar à campanha do PS.

Também pelo lado positivo, foi destacada “a forma inteligente” como Pedro Nuno Santos tem feito a relação com os partidos à sua esquerda, enquanto ao mesmo tempo faz “ping-pong” com a AD, indo contra aquilo que a Aliança Democrática defende. No entender de Marques Mendes, a ideia é passar ao eleitorado de esquerda: “ou nós ou eles”, conquistando o voto útil à esquerda.

Já como ponto fraco do PS, referiu o resultado da Sondagem SIC/Expresso: “60% dos portugueses quer mudar e 71% dos portugueses acham que o caminho que se está a seguir é errado”. É o espelho “do desgaste de oito anos de governação”, disse, acrescentando que as eleições surgiram numa das piores alturas do Partido Socialista.

A expectativa de Marques Mendes para a última semana de campanha é que será “uma semana decisiva, do tudo ou nada”, defendendo que “ainda está tudo em aberto”, uma vez que o número de indecisos ainda é muito elevado.

A convicção deixada esta noite na SIC Notícias é a de que se as eleições se disputassem sem a presença do partido Chega, “a AD ganhava tranquilamente, porque há uma vontade de mudança”.

Para o comentador, são nove as questões essenciais a serem respondidas até à grande noite eleitoral:

  • AD + IL terão maioria?
  • PS ganha sem maioria de esquerda?
  • Chega elege em todos os distritos?
  • PCP baixa para metade?
  • Livre vai surpreender no resultado?
  • BE vai melhorar o resultado de 2022?
  • PAN consegue eleger?
  • Santos Silva consegue ser eleito?
  • PAR Aguiar Banco ou Francisco Assis?

O futuro de António Costa

A abrir o espaço de comentário, Luís Marques Mendes referiu a inscrição de António Costa numa pós-graduação na Universidade Católica, para se especializar em áreas como a mediação e arbitragem.

Apesar de a situação ter acabado por ser ridicularizada, considerou, a opção “é uma matéria mais séria do que aquilo que se pensa”, reflettiu. Terá um duplo significado: Costa acabou o ciclo de primeiro-ministro e estará a preparar-se para o futuro, que Marques Mendes acredita poderá passar pela Europa ou por uma atividade profissional privada nestas áreas.

A hipótese da Europa será a mais benéfica, analisou: para o próprio, para o cargo que eventualmente ocupará e pelo prestígio que dará a Portugal, caso se concretize. Mas Marque Mendes lembrou que António Costa tem uma investigação em curso no Supremo Tribunal da Justiça que o impede de se candidatar a qualquer cargo político. A janela de oportunidade europeia terminará em julho.

Economia portuguesa e custo de vida

Numa outra nota, o comentador abordou os resultados do Instituto Nacional de Estatística quanto ao PIB, desemprego e a subida de mais uma agência de rating, colocando Portugal numa boa posição internacional no que diz respeito à dívida pública.

Destacou também a redução das exportações, que Marques Mendes considera positiva no atual contexto, tal como da queda da inflação, em fevereiro, para 2,1%.

No final do seu comentário, uma referência ao cabaz de produtos essenciais da Deco Proteste, que “ainda pesa muito no orçamento das famílias” e para o crédito à habitação: as famílias ainda têm de esperar “mais uns meses para vermos reduções com mais impacto”, concluiu