Um “duche escocês, quente e frio, com pontos bons e maus”. Para Luís Marques Mendes, a campanha da Aliança Democrática tem somado aspetos positivos e negativos, que o comentador sistematizou esta noite, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias.
Sobre as polémicas dos últimos dias, Marques Mendes enumerou os comentários de Pedro Passos Coelho sobre a imigração, a questão levantada sobre um eventual novo referendo sobre o aborto e, ainda, a polémica originada pelo cabeça de lista de Santarém - Eduardo Oliveira e Sousa, antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), considerou que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas”. Momentos menos felizes, segundo o comentador, já que “as polémicas numa campanha desviam da mensagem essencial”.
Quanto aos aspetos positivos, destacou a entrada em cena de Pedro Passos Coelho, não pela afirmação sobre a imigração, mas por considerar positiva a “generalidade do seu discurso”, e por existir previamente uma enorme especulação sobre o antigo líder social-democrata poder estar de costas voltadas para o PSD.
Sobre Luís Montenegro, o comentário de Marques Mendes foi um elogio, pela “atuação e atitude”, citando como exemplo o episódio do ataque com tinta, a que reagiu “com moderação, responsabilidade". "Foi elegante”, afirmou.
Pedro Nuno Santos: inteligente na relação com os partidos à sua esquerda
Já no PS, Marques Mendes disse existirem, também, pontos positivos e negativos. Como ponto alto elegeu o regresso de António Costa, este sábado, nome que considera “o maior trunfo eleitoral do Partido Socialista”. Ficou o destaque positivo para o discurso do ex-líder socialista no Porto, apostando o comentador Costa ainda irá regressar à campanha do PS.
Também pelo lado positivo, foi destacada “a forma inteligente” como Pedro Nuno Santos tem feito a relação com os partidos à sua esquerda, enquanto ao mesmo tempo faz “ping-pong” com a AD, indo contra aquilo que a Aliança Democrática defende. No entender de Marques Mendes, a ideia é passar ao eleitorado de esquerda: “ou nós ou eles”, conquistando o voto útil à esquerda.
Já como ponto fraco do PS, referiu o resultado da Sondagem SIC/Expresso: “60% dos portugueses quer mudar e 71% dos portugueses acham que o caminho que se está a seguir é errado”. É o espelho “do desgaste de oito anos de governação”, disse, acrescentando que as eleições surgiram numa das piores alturas do Partido Socialista.
A expectativa de Marques Mendes para a última semana de campanha é que será “uma semana decisiva, do tudo ou nada”, defendendo que “ainda está tudo em aberto”, uma vez que o número de indecisos ainda é muito elevado.
A convicção deixada esta noite na SIC Notícias é a de que se as eleições se disputassem sem a presença do partido Chega, “a AD ganhava tranquilamente, porque há uma vontade de mudança”.
Para o comentador, são nove as questões essenciais a serem respondidas até à grande noite eleitoral:
- AD + IL terão maioria?
- PS ganha sem maioria de esquerda?
- Chega elege em todos os distritos?
- PCP baixa para metade?
- Livre vai surpreender no resultado?
- BE vai melhorar o resultado de 2022?
- PAN consegue eleger?
- Santos Silva consegue ser eleito?
- PAR Aguiar Banco ou Francisco Assis?
O futuro de António Costa
A abrir o espaço de comentário, Luís Marques Mendes referiu a inscrição de António Costa numa pós-graduação na Universidade Católica, para se especializar em áreas como a mediação e arbitragem.
Apesar de a situação ter acabado por ser ridicularizada, considerou, a opção “é uma matéria mais séria do que aquilo que se pensa”, reflettiu. Terá um duplo significado: Costa acabou o ciclo de primeiro-ministro e estará a preparar-se para o futuro, que Marques Mendes acredita poderá passar pela Europa ou por uma atividade profissional privada nestas áreas.
A hipótese da Europa será a mais benéfica, analisou: para o próprio, para o cargo que eventualmente ocupará e pelo prestígio que dará a Portugal, caso se concretize. Mas Marque Mendes lembrou que António Costa tem uma investigação em curso no Supremo Tribunal da Justiça que o impede de se candidatar a qualquer cargo político. A janela de oportunidade europeia terminará em julho.
Economia portuguesa e custo de vida
Numa outra nota, o comentador abordou os resultados do Instituto Nacional de Estatística quanto ao PIB, desemprego e a subida de mais uma agência de rating, colocando Portugal numa boa posição internacional no que diz respeito à dívida pública.
Destacou também a redução das exportações, que Marques Mendes considera positiva no atual contexto, tal como da queda da inflação, em fevereiro, para 2,1%.
No final do seu comentário, uma referência ao cabaz de produtos essenciais da Deco Proteste, que “ainda pesa muito no orçamento das famílias” e para o crédito à habitação: as famílias ainda têm de esperar “mais uns meses para vermos reduções com mais impacto”, concluiu