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Legislativas 2024

Pedro Nuno deixa aviso: "Sem reciprocidade" do PSD, o PS "sente-se desobrigado" a viabilizar governo minoritário

O líder socialista diz que o PS não quer inviabilizar o governo minoritário da AD, mas deixa aviso ao PSD: espera reciprocidade, caso contrário o PS “sente-se desobrigado". Pedro Nuno Santos falou duas vezes para garantir que não houve nenhum recuo e que mantém que deixa passar governo do PSD, mas quer tratamento igual

Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro
JOSE SENA GOULAO/Lusa

O pingue-pongue entre os dois candidatos a primeiro-ministro segue esta quarta-feira sobre condições de governabilidade e, se Luís Montenegro não responde se deixa passar um governo minoritário do PS, então, Pedro Nuno acrescentou um ponto ao que disse segunda-feira no frente a frente entre ambos e deixa o aviso: “Não havendo reciprocidade, o PS sente-se desobrigado” de deixar passar um governo minoritário do PSD.

Com as dúvidas e interpretações de que esta sua frase à entrada para o congresso da CIP significava um recuo, o líder socialista voltou a falar de novo esta tarde, já à saída, para assegurar que não é um recuo, porque continua a dizer que não inviabilizará um governo do PSD através de moções de rejeição, mas que exige reciprocidade: “Um dos valores mais importantes na nossa sociedade é o valor da reciprocidade” e o PSD não está disposto a garantir "o que o PS garantiu".Não podemos exigir ao PS que garanta aquilo que o PSD não está disponível para fazer”, disse.

Nesta sua segunda intervenção, diz ainda que mantém tudo o que disse no debate, nomeadamente que o PS não apresentará nem viabilizará nenhuma moção de rejeição ao PSD, mas que exige saber o que o líder do PSD irá fazer. “O que exijo é reciprocidade”, esse é o “único repto” a que quer ter resposta.

A confusão levou ainda a fonte oficial da sua campanha garantir que não houve um recuo porque mantém o que disse no debate.

A estratégia do líder socialista desde o frente-a-frente é a de pressionar Luís Montenegro a responder e, a reboque de perguntas dos jornalistas que insistem no tema, deixou no ar a ideia que se Montenegro não responde à pergunta é porque pode ter uma solução de governo na manga sobre a qual não quer falar: “Não podemos exigir que o PS garanta ao PSD o que o PSD não está disponível para garantir. Se o PSD não se disponibiliza para garantir um governo minoritário do PS, o que significa isso sobre potenciais alianças que o PSD quer construir?”. Mais tarde acrescentaria que essa não resposta “volta a colocar dúvidas sobre qual o cenário em que está disponível para governar e com quem”.