Paulo Branco, um dos acusados pelos crimes de corrupção e branqueamento na operação Tempestade Perfeita, implicou o ministro João Gomes Cravinho no caso da assessoria-relâmpago fabricada para pagar €50 mil a Marco Capitão Ferreira — o ex-secretário de Estado da Defesa que saiu do Governo no início de julho, após ter sido constituído arguido no mesmo processo, por corrupção e participação económica em negócio. Segundo o depoimento de Paulo Branco, que na época era o responsável financeiro da Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN), o então ministro da Defesa “tinha concordado” ou até “pedido” para se fazer um contrato de assessoria com Capitão Ferreira para o compensar e “pôr as contas em dia” pelos trabalhos realizados numa “comissão fantasma” que funcionava na órbita do seu gabinete.
No interrogatório complementar realizado a 27 de julho, Paulo Branco declarou à procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, Celestina Morgado, que Marco Capitão Ferreira “participou naquilo a que”, no ministério, chamavam de “Grupo Ninja”, ou “‘Black Ops’, para usar uma expressão militar”, no sentido de elaborar, de forma clandestina, um estudo para a “revisão do sector empresarial do Estado da Defesa”. Este grupo integrava outros elementos, como “Catarina Nunes, que veio a ser presidente da idD [a holding das indústrias de Defesa], e Irene Paredes, que à data era também funcionária da DGRDN”. Era a chamada “comissioni fantasmi”, segundo a classificação usada num e-mail pelo próprio Marco Capitão Ferreira para se referir ao grupo que trabalhava na sombra, como foi noticiado pela “Visão” no fim de julho.
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