Apesar de apreciações eleitorais diferentes — o Bloco a subir nas sondagens, o PCP a aparecer atrás do PAN —, os dois partidos de esquerda dizem que encaram o novo ano político com “confiança”. Na primeira rentrée de Mariana Mortágua e Paulo Raimundo enquanto líderes políticos, a habitação e a saúde são os temas escolhidos para ir a jogo contra uma maioria socialista com “tiques de arrogância”. Para já, os temas europeus ainda não ganham destaque nos programas de lançamento dos partidos. Ainda assim, são as eleições de 2024 que servirão como a primeira prova de fogo das novas lideranças e no PCP - que começa esta sexta a sua Festa do Avante - os eurodeputados já estão na estrada, ainda que só para dentro do partido.
O primeiro momento eleitoral das novas direções do Bloco e do PCP chega já este mês de setembro, com as eleições regionais da Madeira. No seu primeiro discurso como nova coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua colocou como objetivo voltar a ganhar representação no parlamento regional. “Haverá uma oposição que leva a sério a vida dos madeirenses, a pobreza, a habitação, a saúde. Essa oposição será a força do Roberto Almada, no Parlamento da Madeira a partir de outubro”, disse durante a Convenção Nacional, no final de maio. No entanto, o “eleitorado muito específico” da Madeira torna “impossível medir uma tendência eleitoral” a nível nacional, comentou uma fonte do Bloco. Ao contrário do que aconteceu no Continente nos últimos oito anos, a Madeira tem sido governada à direita – só nas eleições de 2019, o PSD perdeu a maioria absoluta que detinha desde 1976 e coligou-se com o CDS para manter a maioria dos assentos parlamentares regionais.