Em apenas dois dias, André Ventura recuou na “recomendação” que fizera ao seu deputado único na Assembleia Legislativa dos Açores para a retirada do apoio do Chega ao Governo Regional, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro. O que na quarta-feira era uma decisão “fortemente definitiva” passou ontem a um “cenário não fechado”. O presidente nacional do Chega deu a volta ao texto depois de o seu deputado açoriano, José Pacheco, ter afirmado que “o diálogo está a decorrer finalmente” e que se sentia agora “mais confortável”. “Ainda há caminho a fazer” nas negociações com o Governo Regional, ressalvou, advertindo que esta será “a última oportunidade” que o Chega dá.
Em causa está a votação do Plano e Orçamento dos Açores 2022, que decorre na próxima semana, e, no limite, a própria viabilidade do Governo de Bolieiro. Sem revelar ainda o seu sentido de voto, José Pacheco afirmou que “enquanto há diálogo, o Chega quer e defende a estabilidade para todos os açorianos”. Num tom ambíguo, o deputado disse, por um lado, que “as negociações não estão fechadas” e, por outro, que “o acordo acaba de ser rasgado”. O acordo a que se refere é um dos dois que tornaram possível, há um ano, a governabilidade à direita no arquipélago: um firmado entre PSD e IL e um outro entre os três partidos da coligação de governo (PSD, CDS e PPM) e o Chega.