António Costa apresentou esta noite aos socialistas as várias medidas que está a pôr em cima da mesa de negociações com a esquerda, mas com foco quase total no PCP. As últimas cartadas do Governo - pensões, creche e mexidas no IRS - já são do conhecimento dos partidos (não todas de todos, disse) e espera agora que sejam suficientes para a viabilização do docuemnto. Caso não seja, António Costa deixou antever que não partilha da opinião do Presidente da República de que é uma inevitabilidade ir para eleições antecipadas. Se houver chumbo, disse, "estou preparado para cumprir com os meus deveres para com o país, que é manter o país na trajetória de governação que tem vindo a ser prosseguida. Se o Presidente da Repúlica entender de forma diversa, respeitarei a decisão. Estou preparado para tudo", assumiu no final da conferência de imprensa que realizou depois da reunião da Comissão Política Nacional.
Na reunião, o primeiro-ministro distribuiu a lista de medidas que já entregou a Jerónimo de Sousa, num último esforço para tentar convencer os comunistas a viabilizarem o documento na votação da próxima quarta-feira - isto com luz verde da direção do PS. Este sábado, os dois partidos reúnem-se com Costa, primeiro o PCP, às 9h30, depois o BE, às 11h. Nenhuma das medidas "será surpresa para os nossos interlocutores. Não nos surgiram esta noite tiradas da manga".
Pela primeira vez desde que as negociações começaram, António Costa referiu-se à possibilidade de eleições dentro da reunião e depois faria o mesmo quando questionado pelos jornalistas: "Não queremos eleições, mas não as tememos", avisou Costa no discurso inicial, confirmou o Expresso junto de fontes presentes na reunião. Quando saiu, diria aos jornalistas que é um cenário que "não colocou em cima da mesa". "O senhor Presidente da República decidiu dizer que era a consequência que retiraria. Não foi uma consequência que consideramos inevitável nem é uma consequência com a qual estamos a trabalhar", afirmou para depois, já no fim da conferência de imprensa dizer que está "preparado para tudo".
"Ninguém desejaria eleições", reforçou, e na verdade, a leitura que faz é que os portugueses queriam a continuidade da solução política. Foi por isso que repetiu a leitura que fez dos resultados eleitorais de 2019, dizendo que o PS saiu reforçado. Aí, acabou por enviar um recado aos parceiros, dizendo que espera que eles não só façam essa leitura dos resultados, mas que também façam uma "boa leitura" da situação atual. A vontade dos portugueses "não é seguramente abrir crises políticas, ir para eleições, acrescentar dramas à situação dramática de que estamos a sair".
Depois de ler o comunicado da CPN, que pode ler aqui, o primeiro-ministro respondeu que houve "avanços já muito significativos" e que fica "bastante claro que o PS e o Governo têm trabalhado de forma séria, rigorosa, construtiva com todos os partidos com quem tem vindo a negociar". E que se o Orçamento passar na generalidade a negociação "pode prosseguir além das matérias já consolidadas", disse. Resta-lhe a confiança no resultado das conversas de amanhã: "Tenho confiança na razoabilidade, bom-senso e sentido de equilíbrio que conduzirá todos à aprovação do Orçamento. Não tenho a menor das dúvidas que se a proposta inicial já justificava a sua viabilização, com estas propostas só pode reforçar a sua viabilização", acredita.
Os trunfos: pensões e creches
Os trunfos para jogar nestas reuniões de sábado incluem o aumento extraordinário de pensões em 10 euros para os pensionistas que recebam até 1097 euros de reforma (até 2 IAS), como o Expresso lhe antecipa na manchete deste sábado, assim como as creches gratuitas para o primeiro ano já em 2022, prometendo a gratuitidade gratuita até 2024.
Estas são as duas principais medidas apresentadas por António Costa na Comissão Política Nacional, mas há mais.