Política

Jerónimo recusa “todas as pressões” e diz que o PS “está longe da solução”

Num encontro com reformados e pensionistas, o líder do PCP foi claro. À "sistemática rejeição das propostas" comunistas junta-se o facto do "Governo PS teimar em não dar um sinal de inversão". Na hora de fechar o OE, Jerónimo exige "respostas e não dramatizações políticas". E até citou Marques Mendes para reconhecer que o PS prefere "a dívida, o défice e as lei laborais" a ceder às pressões da esquerda.

MANUEL FERNANDO ARAÚJO/Lusa

Chamou-lhe "um desses comentadores de cadeira fixa" que, no passado domingo, "dizia que há barreiras e limites" que o PS e o Governo não podem ultrapassar. "Défice, dívida e leis laborais. Em síntese, demonstrou que o Governo do PS tem um problema. Não tem dúvidas das necessidades, mas fez as suas opções".

Sem nunca mencionar o nome de Marques Mendes, Jerónimo de Sousa usou o comentador da SIC para resumir o atual estado das negociações orçamentais para 2022. Entre o respeito pelo Tratado Orçamental (e pelas normas de Bruxelas) e os parceiros parlamentares da esquerda, o coração de António Costa até pode balançar, mas no final prefere a União Europeia. As linhas vermelhas sobre as normas europeias que dividiam PS, Bloco e PCP sempre estiveram lá, desde os princípios da Geringonça, mas agora parecem mais acentuados do que nunca.

O líder comunista acusa o Governo socialista de se deixar "aprisionar pela política da União Europeia" e pelo que chama de "dramatização" promovida por Bruxelas para "justificar restrições da despesa pública" ou "desinvestimento em importantes serviços públicos". Neste caso, falava sobre os efeitos do envelhecimento da população e o momento era mais do que oportuno para lembrar, à plateia de reformados e pensionistas que se reuniu no Centro de Trabalho Vitória, a "sistemática rejeição das propostas" que o PCP tem feito nesta àrea.

As pensões são uma pedra de toque nas negociações deste OE, com Jerónimo de Sousa a carregar nas tintas e a citar exemplos de como é de "inegável justiça" e que "nada justifica" que não sejam promovidos aumentos generalizados das pensões e garantindo um aumento mínimo de 10 euros" a cada pensionista. Mas, "de novo para 2022, o Governo PS teima em não dar um sinal de inversão da necessária reposição de compra" para os pensionistas com reformas "acima dos 658 euros".

O rol de reivindicações comunistas, só nesta área, alarga-se à exigência da criação de dois novos escalões para as pensões mínimas do regime geral da Segurança Social. Querem eliminar os fatores de penalização das pensões de todos os trabalhadores com 40 anos de descontos e o alargamento do Complemento Solidário para Idosos a 14 meses por ano.

"Até à votação na generalidade" do OE "ainda é tempo", repete o secretário geral do PCP. Mas os sinais de "resistência" do Governo e o vincar das posições comunistas está longe de estar decidido. Jerónimo de Sousa reafirma a disponibilidade para "intervir para garantir soluções", mas deixa igualmente claro que "recusa todas as pressões".