Política

Marcelo dispensa PSD de ter de salvar Orçamento. A conversa “é à esquerda”

Presidente da República já recebeu a direção do PSD e deu luz verde à estratégia de Rui Rio. Se o primeiro-ministro sempre dispensou negociar com o maior partido da oposição, o PSD nunca poderá ser alternativa se a esquerda faltar à chamada. As eleições diretas no partido não entraram na conversa em Belém

TIAGO MIRANDA

Para o Presidente da República, se a esquerda não viabilizar o próximo Orçamento de Estado nunca poderá ser o PSD a sentir-se responsável por evitar uma crise política. Na audiência que teve em Belém com a direção do partido social-democrata - a primeira de uma longa tarde de conversas com os vários partidos para tentar estancar os cenários de crise - Marcelo Rebelo de Sousa legitimou inteiramente a estratégia que, em matéria orçamental, tem sido defendida por Rui Rio.

Sem falar da confusão de calendários entre uma eventual crise que levasse à convocação de eleições antecipadas para janeiro e as diretas internas no PSD que aconteceriam pelo mesmo timing - "isso não entrou na conversa", garantiram ao Expresso - Marcelo concentrou-se no Orçamento de Estado. E disse perceber bem os argumentos de Rio, cuja posição em matéria orçamental e também no que toca ao PRR - documento muito criticado pelo maior partido da oposição - considerou ser sobejamente conhecida e clara.

O Presidente valorizou o facto de o primeiro-ministro ter dito que se algum dia ficasse dependente do PSD para negociar um OE, o Governo caía. E concordou que isso anulou qualquer hipótese de, se os parceiros de esquerda lhe faltarem, António Costa ainda poder ver no PSD uma alternativa capaz de salvar o Orçamento. "O Presidente deixou claro que a conversa é á esquerda", relata quem assistiu à reunião.

As audiência de Marcelo com os vários partidos com assento parlamentar prolongam-se por todo o dia. A última será com o Partido Socialista e está marcada para as 20h00.