Pouco depois de a direção do PSD ter proposto a realização das eleições diretas a 4 dezembro – quando se assinala o aniversário da morte do fundador do partido Sá Carneiro –, Rui Rio defendeu esta noite o adiamento das eleições face à crise política iminente.
"Eu entendo que o PSD e particularmente o seu Conselho Nacional deviam ponderar muito bem se devem efetivamente marcar as eleições diretas ou Congresso para estas datas ou, se o Conselho não der antes, não marcar as eleições e adiar para um novo Conselho a reunir depois da votação do Orçamento do Estado", assumiu Rui Rio numa declaração aos jornalistas, a partir dos Passos Perdidos, sobre a marcação das diretas no PSD.
Perante um cenário de chumbo do Orçamento, "como pode acontecer", o líder do PSD alertou que o partido será "apanhado em plenas diretas" e "completamente impossibilitado de disputar as eleições legislativas taco a taco".
Considerando que o Orçamento do Estado para 2022 "corre riscos maiores por força das autárquicas", o líder do PSD aconselhou cautela se o partido quiser disputar umas eleições legislativas antecipadas com o PS. "É em parte do interesse do PSD mas também do interesse de Portugal, porque penso que se tivermos eleições legislativas, os portugueses querem um PSD em condições de combater o PS e fazer umas eleições perfeitamente normais, coisa que será muito difícil se o Conselho Nacional não ponderar isso", insistiu.
Citando o Presidente da República, Rio reafirmou que a "última coisa que é aconselhável ao país, neste momento, é uma crise política", mas rejeitou que o voto do PSD conte para a viabilização do OE2022.
"Estamos completamente livres para podermos votar o Orçamento em consciência, apenas pelo seu conteúdo. Essa estabilidade tem de ser garantida pelo PS, BE e PCP. Fosse Presidente, fosse primeiro-ministro, tudo faria para evitar essa crise política. Fosse o líder do BE ou do PCP, dada a responsabilidade em todo este trajeto desde 2015, não me considerava fora de responsabilidade desta crise política. A antiga Geringonça ou a nova geringonça, tem de ter sentido de Estado", considerou ainda.
Esta preocupação reforça a ideia de que Rio se irá recandidatar à liderança do PSD, numa altura em que Paulo Rangel estaria a preparar-se para anunciar nos próximos dias a sua candidatura. Questionado sobre se estará preparado para um cenário de eleições legislativas antecipadas, o líder social-democrata respondeu que sim. "Claro, isso é evidente. Sou o líder do partido, fui candidato a primeiro-ministro em 2019 e depois de sair das autárquicas, será ainda mais fácil", observou. No rescaldo das eleições de 26 de setembro, Rio defendeu logo o PSD estaria agora em "melhores condições" de vencer as legislativas.