Política

Direção do PSD propõe diretas para dia em que se assinala morte de Sá Carneiro: 2ª volta no dia do congresso da Associação de Municípios

No Conselho Nacional desta quinta-feira, a direção de Rui Rio vai propor um cronograma para as eleições internas no partido para 4 de dezembro, o dia em que se assinalam os 41 anos da morte do fundador do partido. Nesse caso, a segunda volta, a existir, cairia em cima do Congresso da Associação Nacional de Municípios. Mas a direção também tem uma data alternativa, 8 de janeiro.

Ana Baiao

Eleições em dia de luto no partido? E uma eventual segunda volta marcada para quando centenas de autarcas sociais-democratas estiverem reunidos no Congresso da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), em Aveiro? A direção do PSD quer acelerar o processo eleitoral interno e convocar diretas o mais depressa possível, para evitar o desgaste de uma disputa muito prolongada, mas há um calendário alternativo (8 de janeiro) que pode ser apreciado no Conselho Nacional que se reúne esta quinta-feira - e que tem poder de decisão sobre estas matérias. Entretanto, Rui Rio fez uma declaração a dizer que ou faria as diretas nestas datas, ou então estas deveriam ser adiadas para um calendário a definir depois da votação do Orçamento do Estado. Para ver se há ou não crise política decorrente de um possível chumbo, e das eventuais eleições antecipadas, de que o Presidente da República falou esta quarta-feira.

A marcação das diretas para 4 de dezembro, como a direção deve propor ao Conselho Nacional, faria com que as eleições decorressem num dia que costuma ser de luto no partido, com as missas por alma de Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e dos outros ocupantes do Cessna que se despenhou em Camarate há 41 anos. Esta data, que começou por ser noticiada pelo Observador na tarde desta quarta-feira, e que o Expresso confirmou, implica uma segunda volta que a existir cairia em cima do congresso da ANMP.

Considerando que ao congresso podem ir três autarcas por cada concelho, como o PSD tem agora 114 câmaras, isso significaria um potencial de mais de 300 dirigentes do partido distantes ou ausentes de um ato eleitoral onde muitos podem ter até responsabilidades do ponto de vista organizativo.

Além disso, as diretas realizar-se-iam apenas uma semana depois do congresso do CDS (e do Chega) - marcados para 27 e 28 de novembro - o que faria com que as campanhas internas dos dois partidos se sobrepusessem na fase de maior intensidade.

Não seria, no entanto, a primeira vez que seria apresentado um cronograma alternativo em Conselho Nacional. E a repensar-se um novo calendário, as datas passariam a estar mais próximas daquilo que Luís Marques Mendes enunciou no seu comentário da SIC este domingo. Ou seja, avançando mais um mês, com diretas que poderiam ser a 8 de janeiro. O comentador e senador do PSD nem aventou a possibilidade de as eleições poderem ser a 4 de dezembro, mas riscou logo do mapa a data de 11 de dezembro, por causa do congresso da ANMP. E "em 18 não pode ser a segunda volta porque aponta para o Natal", afirmou.

Mas a perspetiva de uma crise política, com o Presidente da República a ameaçar com legislativas em janeiro, baralhou agora todo o calendário. As declarações de Rio também dão força à tese de que deverá avançar com uma recandidatura.

No seu comentário, Marques Mendes também disse esperar que o provável debate entre Rio Rio e Paulo Rangel - que ainda não apresentou a sua candidatura -, seja feito "com mais nível" do que aquele a que se está a assistir no CDS. E deu uma nota em abono do eurodeputado: "Rangel avançar não é um ato de deslealdade", pelo contrário, explicou. Quem avança porque "tem uma linha política diferente está a ser leal e a prestar um bom serviço ao partido".

Caso o calendário proposto seja aprovado no CN, o congresso ficaria marcado para 14, 15 e 16 de janeiro. Caso vencesse o calendário alternativo, passaria para meados ou finais de fevereiro.

Notícia atualizada às 8h55, com as referências à intervenção de Rui Rio sobre a data das eleições internas do PSD face à possibilidade de crise política no país.