Foi já há seis meses que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) enviou os dados de Ksenia Ashrafullina e de mais dois ativistas russos (dois deles também com nacionalidade portuguesa, incluindo Ksenia) para a embaixada da Federação Russa em Portugal e para o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, mas a empresária de 36 anos ainda não disse à família o que se passou. “Em vez disso, vou convidá-la a vir cá”, começa por dizer ao Expresso. “Até isto acontecer eu ia à Rússia sem problema, não tenho o historial mais complicado de outras pessoas, que já não podem ir. Eu ia e vinha, e nunca pensei que um dia desse por mim com medo de voltar.”
Fernando Medina, presidente da CML, já pediu pessoalmente desculpa à ativista e disse ter-se tratado de “um erro lamentável que não podia ter acontecido”. Mas Ksenia, há oito anos e meio em Portugal, não pensa abandonar a intenção de levar o caso a tribunal, algo que já está a ser preparado. “O que eu quero é que os portugueses estejam protegidos também, isto já não é sobre os russos, é sobre democracia. Há poucos países neste momento que ainda defendem a democracia, eu escolhi Portugal por ser um deles. Agora este é o meu país e é aqui que tenho de lutar para que não se veja o retrocesso democrático que se vê em outros países”, nomeadamente nos da ex-orla russa.