A Iniciativa Liberal (IL) insistiu esta sexta-feira na demissão do ministro da Administração Interna, na sequência da suspensão temporária da requisição civil do Zmar, em Odemira.
"Está claro para todos que acabou o tempo de Eduardo Cabrita no Governo. O ministro é mantido no seu cargo a todo o custo, com as consequências conhecidas, para proteger o verdadeiro responsável por manter Portugal neste estado deplorável: o primeiro-ministro António Costa", afirma o partido de João Cotrim de Figueiredo em comunicado.
Segundo os liberais, que já ontem apelaram a demissão de Cabrita, estão em causa "factos gravíssimos" que põem em causa a "ordem constitucional". Partido acusa o governante de "incompetência" e a "arrogância", defendendo que já não reúne condições" para continuar no cargo.
"O Supremo Tribunal Administrativo suspendeu a requisição civil do Zmar, manifestamente ilegal e ferida de clara inconstitucionalidade por violação de direitos, liberdades e garantias e ordenou a retirada imediata dos trabalhadores migrantes e famílias do empreendimento, que são assim joguetes nas mãos da incompetência do poder político português", acrescenta.
Para a IL, que recorda uma reportagem do Expresso, em 2017, que denunciava a rota da exploração laboral na Costa Vicentina, e o Relatório Anual de Segurança Interna de 2018, que alertava também para o tráfico de pessoas no Alentejo, o Executivo ignorou ao longo dos anos os problemas na região, revelando agora a "total falência" nas respostas à questão da imigração.
"É uma indignidade que trabalhadores, famílias e crianças, em situação de particular vulnerabilidade, sejam joguetes nas mãos de um ministro incompetente e arrogante que, para esconder o desastre da sua gestão, e com o apoio do primeiro-ministro, não hesita em violar a Constituição e em recorrer à intimidação e ao abuso da força", reforça.
Além da IL, também o CDS e o Chega pediram a demissão de Eduardo Cabrita, na sequência da requisição civil no Zmar, na Zambujeira, que desde há uma semana tem uma cerca sanitária devido a surtos de covid associados a trabalhadores agrícolas estrangeiros.
Confrontado esta manhã pelos jornalistas, o governante desvalorizou as críticas e recorreu à ironia para comentar o pedido de demissão dos centristas: "Coitado do CDS, é um partido náufrago. Estamos aqui é para ajudar os portugueses", respondeu, garantindo que o Governo não foi notificado da providência cautelar.