Francisco Rodrigues dos Santos assumiu este sábado que nem tudo vai bem no CDS. O presidente do partido reconheceu que cometeu erros no primeiro ano do mandato, mas nem por isso entregou os pontos. Agora, disse, não é momento para haver Congresso e luta pela liderança. Essa hipótese, defendeu, apenas depois das autárquicas.
Numa intervenção de quase 28 minutos para apresentar a moção de confiança à direção, feita a partir do Largo do Caldas, Rodrigues dos Santos puxou da educação que recebeu do Colégio Militar e atirou: “Assumo com humildade que cometi erros e que nem tudo correu da maneira como gostaria."
No entanto, garantiu que o ciclo pode ser invertido e que o tempo de prestar contas aos militantes será após as autárquicas. E passou ao ataque ao principal adversário, Adolfo Mesquita Nunes (que, entretanto, já tinha voltado à reunião do Conselho Nacional, depois de uma intensa disputa processual), colando-o aos maus resultados eleitorais e financeiros que a atual direção herdou de Assunção Cristas.
"Hoje, talvez seja uma ocasião favorável para, pela primeira vez, ouvirmos alguns desses responsáveis responderem politicamente pela estratégia que defenderam, pelo programa que construíram", afirmou, acrescentando ao rol de críticas a "dívida exorbitante" com que se deparou e "pelos piores resultados de sempre" que o CDS obteve.
O líder dos democratas-cristãos insistiu que não abandonou o partido "depois do pior resultado eleitoral da sua história" - num novo remoque ao challenger - e proseguiu: "Respeito todos e aceito a opinião de cada um, mas não podia deixar de vos confessar que me parece muito irónico que os mais entusiastas do rumo anterior apareçam agora envergando o manto de benfeitores e de salvadores do partido, querendo correr com esta direção que se debate diariamente para reerguer o partido do estado em que o encontrou."
Ainda no registo de ajuste de contas com o passado - com o chamado portismo, leia-se - Rodrigues dos Santos sublinhou que "não tinha sido desejado nem querido pela nomenclatura do partido" e que "nunca" foi "aceite por ela como legítimo presidente" do CDS.
"O facto de aqui estarmos reunidos ilustra bem este meu ponto, parece que a vontade expressa dos militantes que me elegeram para um mandato de dois anos foi olimpicamente ignorada por um grupo cujo único propósito que o une é a vontade urgente de me derrubar, desde o primeiro dia, não é um projeto comum para o partido", desabafou, queixando-se ainda dos ataques de que foi avo "na praça pública" e de uma alegada cruzada dos seus opositores feita nas páginas de jornais e nos canais de televisão.
"Sempre tratei com absoluto respeito e lealdade todos os protagonistas do partido e nem sempre tive a reciprocidade que se exigia. Manifestamente, não fui bem sucedido neste meu esforço de pacificação do partido, mas pelo menos tentei e não foi por mim que ele não aconteceu", acrescentou.
E voltou a visar Mesquita Nunes e o calendário que escolheu para exigir a cabeça do líder. "Não fiz cálculos de algibeira, não disse que ou a minha eleição era naquele timing ou já não estaria disponível para o meu partido. Não me escondi. Apresentei-me a votos e fui eleito pelos militantes do partido para um mandato de dois anos", observou Rodrigues dos Santos.