Marcelo Rebelo de Sousa adora escrever discursos, fá-lo normalmente com invulgar antecedência - é comum ouvi-lo dizer que está a preparar discursos para daí a semanas ou mesmo meses - e o que dentro de dias lerá ao país para anunciar a recandidatura a Belém já está feito.
Guardado a sete chaves, o discurso terá um eixo central obrigatório: explicar ao país porque é que depois de ter levado ao limite um certo tabu sobre se se recandidataria ou não, o Presidente da República decidiu "não faltar à chamada". Foi essa a expressão que Marcelo usou há cinco anos, quando disse não querer sentir "até ao final dos dias o remorso por ter falhado por omissão". Por maioria de razão, explicará agora aos portugueses o que o leva a lançar-se num segundo round, num contexto político, social e económico ainda mais difícil do que aquele que encontrou em 2015.