"Isto permite-nos ter uma melhor coordenação de toda a agenda de transformações estruturais que queremos concretizar". A frase não é do atual chefe do Governo, é do anterior, mas encaixa nos pressupostos do convite que António Costa fez ao administrador da Partex para preparar um programa de recuperação económica para o país. Em 2012, Pedro Passos Coelho fez o mesmo com António Borges, a quem entregou três dossiês habitualmente tutelados pelo ministro da Economia - privatizações, reestruturação do sector empresarial do Estado e renegociação das PPP. Um poder imenso que colocou na testa de Borges o rótulo de 'paraministro' - um artigo no Expresso titulava "António Borges, o 12º ministro" - e António Costa, na altura comentador no programa da SIC Quadratura do Círculo, não gostou.
"Não é admissível que uma pessoa seja ministro para todos os efeitos menos para o estatuto constringente da função ministerial. É um escândalo aceitar, e escrever-se olimpicamente, que António Borges é o 12º ministro”, afirmou o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Mas António Costa não foi o único a criticar a atuação do consultor do passismo. Também António Lobo Xavier admitiu, no mesmo programa televisivo, que ficou perplexo em relação à actuação do antigo responsável do banco Goldman Sachs e do Fundo Monetário Internacional. “Do ponto de vista institucional, é muito estranho que um consultor de uma operação vá à Assembleia da República explicar porque é que a Caixa Geral de Depósitos tomou uma decisão. Eu que defendi o papel de António Borges como consultor fico embaraçado quando há uma mistura entre o papel de consultor e o papel institucional”, afirmou.