Política

Feliciano Barreiras Duarte na corda bamba

Secretário-geral faltou à reunião da Permanente, onde o tema nem existiu. Na direção temem-se mais desenvolvimentos do caso

Rui Rio fotografado numa reunião de trabalho com Barreiras Duarte (e Carvalho Martins, seu amigo pessoal e membro da CPN) em janeiro
Nuno Botelho

Feliciano Barreiras Duarte não esteve na reunião desta semana da Comissão Permanente do PSD, realizada na terça-feira. Foi o dia em que o caso que abala a reputação do secretário-geral do PSD teve o principal desenvolvimento: a abertura de uma investigação, entregue ao Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. Ao que o Expresso apurou, entre os membros da Permanente havia a expectativa de que Barreiras Duarte pudesse dar explicações sobre as suspeitas de que é alvo desde que o jornal “Sol” revelou que, ao contrário do que afirma há uma década no seu currículo, Feliciano nunca foi visiting scholar da Universidade da Califórnia. O social-democrata não só nunca teve esse estatuto, como o documento que apresentou para reiterar a sua versão não passa de um convite para um programa de doutoramento em que nunca participou. Pior: a alegação de que seria investigador da instituição norte-americana voltou a ser feita no âmbito do mestrado que Barreiras Duarte fez na UAL, e terá sido levada em conta para o dispensar de assistir a aulas — por essa razão, a universidade revelou que está a rever as condições em que lhe conferiu o mestrado.

Não só Barreiras Duarte não foi à Permanente, como o assunto não foi sequer abordado na reunião, sabe o Expresso. Foi como se o tema que mais embaraçou o PSD na última semana não existisse. Ao contrário do que aconteceu com as suspeitas em torno de Elina Fraga: Rio deu-lhe a palavra e, perante a Permanente e a Comissão Política Nacional, Elina esclareceu cada pormenor da investigação de que é alvo.

No domingo, quando foi ao congresso do CDS, Rio desvalorizou o affair Feliciano, resumindo tudo a uma informação que estaria a mais no currículo e que Barreiras Duarte já havia corrigido. Porém, a situação do secretário-geral é considerada muito delicada, mesmo no inner circle de Rui Rio. Sobretudo por haver receio de que possam surgir novas revelações comprometedoras sobre o passado do secretário-geral. Barreiras Duarte foi um elemento decisivo na campanha de Rio e um dos seus colaboradores mais próximos desde os primeiros passos da candidatura. E, no processo de reorganização que Rio quer lançar no PSD, continuaria a ser uma peça central. Mas ninguém põe as mãos no fogo pela sua permanência em funções.

Para já, Feliciano não se demite e mal tem sido visto. Faltou à Permanente, faltou à reunião da comissão parlamentar a que preside (Trabalho e Segurança Social), foi substituído num debate sobre trabalho em que devia ter falado em nome do PSD e, no debate quinzenal, deixou-se ficar na última fila. Há duas semanas, estava na primeira, ao lado de Negrão. A questão, agora, é se ficará discretamente em segundo plano ou se acabará por sair de vez da fotografia.