“O problema com que estamos confrontados não é um problema de maquilhagem mas de classificação”, garante António Costa. No encerramento do debate quinzenal realizado esta manhã no Parlamento, o primeiro-ministro voltou a devolver as acusações à oposição, insistindo que o problema da falta de credibilidade diz respeito ao anterior Governo.
Assegurou ainda que estão em causa apenas questões ao nível da classificação das medidas inscritas no documento, dirigindo-se também à Unidade Técnica de Apoio Orçamental - que fez reparos ao projeto do Orçamento.
“A Comissão Europeia é que estava convencida de que os cortes de salários e a sobretaxa eram definitivos, quando o que nos tinha sido prometido era que eram temporários”, afirmou. “Não podemos fazer uma campanha e depois não assumir os compromissos assumidos”, reforçou.
Garantindo que o Governo vai cumprir o que foi acordado a nível europeu e nacional, António Costa admite que a viragem da política orçamental não é um processo fácil e que implica “tensões“, mas que o Executivo procurou fazê-lo de uma forma “segura” e “responsável”. Desde logo, destacou, o Executivo procurou construir uma maioria parlamentar com o PCP, BE e PEV que sustentasse a “mudança política necessária”.
Sublinhando que o Governo está a realizar um esforço de aproximação com a União Europeia, Costa garantiu que as medidas inscritas no Orçamento visam responder à redução do défice, sendo ao mesmo tempo compatíveis com os compromisos assumidos com os partidos à sua esquerda.
“Nós não tememos o debate com os nossos antecessores, nem com a Comissão Europeia. Com o mesmo espírito construtivo com que dialogamos com outras forças políticas e com os parceiros sociais, dialogamos com a União Europeia”, concluiu.