O número de pessoas que se suicidam todos os anos em Portugal tem-se mantido mais ou menos estável ao longo dos anos. Em 2021, ano dos últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, a taxa de suicídio foi de 8,9 por 100 000 habitantes, o que corresponde a 919 pessoas. Mas a inexistência de grandes oscilações não deve ser encarada como positiva.
"Nas últimas décadas, conseguimos, por exemplo, diminuir a mortalidade associada às doenças cerebrovasculares e os acidentes de viação também diminuíram brutalmente. Mas os números do suicídio mantêm-se inalteráveis. É preciso mudar isto", sublinha José Carlos Santos, enfermeiro especialista em saúde mental e psiquiatria, e professor na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
No mais recente episódio do podcast "Que Voz é Esta?", o especialista defende que para diminuir o número de suicídios é necessário "um olhar global" e a participação de vários ministérios. “Esta área não pode ser da exclusiva responsabilidade da Saúde. O plano de prevenção do suicídio da Noruega, por exemplo, envolve oito ou nove ministérios.” Entre os grupos de risco para o suicídio estão as forças de segurança, os jovens e as pessoas com maiores dificuldades económicas. Por isso, "tanto o Ministério da Administração Interna como o do Trabalho, Educação e Ensino Superior devem ter algo a dizer".