Ontem Já Era Tarde

Bruno Vieira Amaral: “Alguns escritores gostam de futebol, mas não escrevem sobre o tema porque ainda há um preconceito intelectual”

Noutros países há o hábito de ver escritores consagrados entrar, pelo menos uma vez, num livro sobre futebol. Eduardo Galeano (“Futebol ao sol e à sombra”), Javier Marías (“Selvagens e sentimentais”) ou Nick Hornby (“Febre no estádio”) são alguns exemplos. Por cá, não são muitos os autores que se aventuram na crónica de futebol e a publicam em livro. Bruno Vieira Amaral, cronista da Tribuna Expresso, veio ao “Ontem Já Era Tarde” falar sobre esta lacuna na literatura portuguesa. Ouça em podcast

Bruno Vieira Amaral, cronista da Tribuna Expresso, acredita que “ainda se mantém um certo preconceito intelectual da literatura em relação ao futebol e a tudo o que seja entertenimento de massas”. “Há uma certa desconfiança e aquela ideia de que um escritor tem de se pôr num certo nível e olhar para essas coisas com distanciamento porque, de outra forma, está quase a conspurcar a literatura.” O autor revela que, para ele, é precisamente o contrário. “Há muita coisa que o escritor pode ir buscar ao futebol. Há a parte da emoção, das pequenas histórias dos treinadores e adeptos ou até de uma ida ao estádio. Mas ainda há muito essa divisão entre a alta cultura e a baixa cultura, sendo que na baixa cultura, segundo essa ideia, está o futebol, e na alta está a literatura. Alguns escritores, por isso, evitam descer ao futebol. No meu caso, não o vejo como uma descida, mas sim como subir ao futebol porque há muita coisa para ir lá buscar.” Ouça o novo episódio de Ontem Já Era Tarde.

SIC Notícias

O futebol é o ponto de partida nestas conversas sem fronteiras ou destino agendado. Todas as semanas, sempre à quinta-feira, Luís Aguilar entra em campo com um convidado diferente. O jogo começa agora porque Ontem Já Era Tarde.