O Mundo a Seus Pés

“Perder as eleições com dignidade seria perder com Joe Biden na corrida”: a derrota dos democratas “está anunciada”?

Joe Biden não resistiu à pressão para desistir das eleições presidenciais norte-americanas, uma decisão tomada “no melhor interesse do partido e do país”. Kamala Harris é a sua sucessora legítima para enfrentar Donald Trump, mas o caminho não será fácil. Oiça aqui o episódio extra do podcast O Mundo A Seus Pés com Daniela Nunes, investigadora no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica

Era uma questão de tempo até Joe Biden desistir da corrida às eleições presidenciais norte-americanas de novembro. Nas últimas semanas, aumentou a pressão para o Presidente dos Estados Unidos recuar e retirar a sua segunda candidatura à Casa Branca, incluindo no seio democrata. Este domingo, Biden cedeu, por fim, e anunciou o que muitos queriam ouvir.

Será Kamala Harris, a sua vice-presidente, a candidata presidencial do partido democrata. Harris terá apenas 107 dias até às eleições, ou seja, cerca de três meses e meio para fazer campanha contra Donald Trump, que tornou-se ainda mais popular desde que foi alvo de uma tentativa de homicídio, a 13 de julho.

A convidada deste episódio, Daniela Nunes, investigadora no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, considera que não foi “inteligente” Biden ter desistido, muito menos nesta altura: “A via está agora mais aberta a Trump. Era preferível boiar em cima da água do que dar sinais de afogamento”, ilustra.

Apesar de dar como certa a derrota dos democratas nas eleições, pelo menos seria uma derrota “digna”. “Perder com dignidade seria perder com Joe Biden na corrida. A derrota está mais do que anunciada. E desde o que aconteceu no dia 13 [o atentado], Donald Trump está a agir como se já tivesse vencido e derrotado fortemente o outro candidato”.

O próprio Trump apressou-se a saudar a desistência de Biden, este domingo, e disse que Harris vai ser mais fácil de derrotar. Além de enfrentar o republicano, um dos maiores desafios da nova candidata presidencial será reunir o apoio e a união do partido democrata, que se encontra “muito dividido”, diz. “Se os democratas não se unirem para dar aval a esta candidatura, os problemas internos vão corroer o partido sozinho”, acrescenta.

A até então vice-presidente dos EUA — a primeira vice africana e asiática-americana — terá de “moderar” algumas das causas “da ala mais esquerdista da esquerda” que defende se quiser conquistar os votos dos eleitores mais ao centro, prevê ainda a acadêmica. Kamala Harris situa-se “à esquerda de Joe Biden”, nota.

Este episódio foi conduzido pela jornalista Mara Tribuna e contou com a sonoplastia de João Luís Amorim. O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria Internacional do Expresso. A condução do debate é rotativa entre os jornalistas Ana França, Hélder Gomes, Mara Tribuna e Pedro Cordeiro. Subscreva e ouça mais episódios.