O Mundo a Seus Pés

Episódio extra: "Agora estou aqui, não sei se poderei regressar". Nove artistas do Sudão passam por Lisboa em "Disturbance in the Nile"

Os combates pelo poder entre o exército sudanês e a Força de Intervenção Rápida em Cartum, a capital do Sudão, matam civis inocentes e ameaçam apagar a produção artística de dezenas de artistas e do movimento que emergiu da revolução de 2019. Em conversa com Cristina Peres, Rahiem Shadad, co-fundador da Downtown Gallery de Cartum e co-curador da exposição “Disturbance in the Nile”, fala sobre pessoas e a emergência de uma identidade artística nacional agora patente em Lisboa

FATMA FAHMY

A guerra que opõe desde abril duas fações militares no Sudão faz vítimas civis e suspende o futuro artístico de um país que esteve até há pouco sufocado por 30 anos de repressão ditatorial. A revolução popular de 2018-2019 abriu caminho a um movimento que levou arte para as ruas de forma a que todos usufruíssem dela.


De um dia para o outro, a guerra nas ruas da capital anuncia consequências devastadoras para esta comunidade de pessoas que emergiu após a revolução pró-democracia, que acabou com a ditadura militar e censura repressiva de Omar al-Bashir. Foram escassos anos em que zonas da capital sudanesa como Cartum 2 e o Souk al-Arabi fervilharam de galerias de arte e pontos de encontro e produção de arte, agora sob fogo.

Obras de Rashid Diab, Mohamed A. Otaybi, Miska Mohammed, Eltayeb Dawelbait, Tariq Nasre, Yasmeen Abdullah, Bakri Moaz, Reem al Jeally e Walled Mohammed estão patentes até 28 de julho no espaço da Brotéria, em Lisboa, a parceira portuguesa da Downtown Gallery, e a exposição segue para Madrid e Paris contando a História e as histórias destes artistas e do país.

Uma conversa com Rahiem Shadad, o co-curador da exposição (com António Pinto Ribeiro), que nesta quinta-feira 6 de julho vai proferir, na Brotéria, a conferância intitulada “A cena da arte sudanesa entre guerra e revolução”.

Este episódio de O Mundo a Seus Pés é da autoria da jornalista Cristina Peres, teve edição multimédia de Salomé Rita e a dobragem de Bernardo Mandonça.

Tiago Pereira Santos