No contexto económico actual, as Pequenas e Médias Empresas (PME) são confrontadas com um mercado interno com capacidade cada vez mais limitada para escoar produtos e serviços. Os mercados externos são hoje, mais do que uma ambição dos outrora mais corajosos, uma saída para as nossas PME.
Tudo leva a crer que 2013 vá ser um ano muito difícil para essas PME, num contexto orçamental muitíssimo exigente para empresas e particulares. Por outro lado, as exportações foram elevadas à categoria de quase desígnio nacional, como está em voga dizer-se.
Na Câmara de Comércio Luso-Belga-Luxemburguesa (CCLBL) sentimos que as PME nos procuram mais, buscando apoio para iniciar o caminho da internacionalização, pois muitas vezes são estruturas relativamente pequenas ou de média dimensão, sem o know-how ou os contactos imprescindíveis para entrar em novos e sofisticados mercados. Devemos assim dar o nosso contributo nesta fase delicada.
As câmaras de comércio conhecem a realidade dos mercados dos países seus representados, a sua língua, administração pública, as representações diplomáticas, e conhecem e têm contactos com as suas congéneres locais (quando existam), que tão importantes podem ser para apoiar as empresas que aí vão instalar-se. E podem disponibilizar uma rede de contactos preciosos, ajudando as empresas a identificar potenciais parceiros de negócio.
A CCLBL tem estado a preparar-se para esta tendência. Celebrou recentemente um protocolo de cooperação com a Câmara de Comércio Luso-Belga em Bruxelas e está nos seus planos fazê-lo com a homóloga Luxemburguesa. A ideia é beneficiar os respectivos associados e as empresas que as contactam, proporcionando-lhes uma rede mais integrada de contactos e de apoio. E colabora estreitamente com as representações diplomáticas da Bélgica e do Luxemburgo e, no caso da Bélgica, com as autoridades regionais, incontornáveis para quem pretenda investir ou comerciar neste País.
A Bélgica e o Luxemburgo podem ser mercados interessantes para as empresas Portuguesas e aqui ficam alguns dados interessantes.
A Bélgica tem cerca de um 1/3 da área de Portugal e sensivelmente a mesma população, numa posição central na Europa, com cerca de 80 milhões de consumidores num raio de 300 km. Com uma economia muito internacionalizada e privilegiando a inovação, é um mercado aberto, desenvolvido e diversificado, com uma fiscalidade inteligente, estável e previsível. A administração pública é eficiente.
Em 2011 foi o 3º maior receptor de investimento na União Europeia, ao nível da França, acima da Alemanha, Itália e Espanha. Em termos de valor, o investimento directo estrangeiro na Bélgica foi em 2011 superior ao recebido pela Índia e idêntico ao recebido por Singapura.
É o 9º maior cliente de Portugal, sendo a balança comercial positiva para Portugal nos 8 primeiros meses de 2012.
O Luxemburgo é uma economia muito dependente das importações, dada a dimensão do seu território. Foi em 2011 a 12ª receptora de investimento estrangeiro no ranking mundial, o que constitui um feito notável. Tem igualmente uma posição muito central na Europa, com cerca de 80 milhões de consumidores num raio de 300 km e 17% da população residente constituída por Portugueses. Trata-se de um centro financeiro credível e seguro, com uma fiscalidade inteligente, estável e previsível, uma administração pública eficiente e uma economia muito internacionalizada e fortemente inovadora.
Estes dados sobre a Bélgica e o Luxemburgo devem interpelar-nos como País.
*Presidente da Câmara de Comércio Luso-Belga-Luxemburguesa (CCLBL)