Nuno Presa Cardoso

O ridiculamente correcto (contém vídeo)

A classe vendedora de automóveis está muito indignada com a última campanha publicitária do BES. Tudo porque decidiram fazer humor com os clichés e estereótipos dos vendedores. E como devíamos saber, não se pode brincar com coisas sérias e profissionais honestos.

Assim que campanha sair do ar, sugiro que os vendedores de automóveis invadam o Brasil para acabar com as anedotas que lá se contam sobre os portugueses. É preciso dar o exemplo ao mundo.

Depois de nós virão as louras, os gordos, as sogras, os alentejanos, os narigudos, os índios, os vesgos, os daltónicos, os gagos, os políticos, as tartarugas, os burros, os coelhos, os sizudos, os coxos, os funcionários públicos, os sardentos, os que não sabem dançar, os que não sabem contar, os que têm os dentes afastados, os que se vestem mal, e todos os que já se sentiram ofendidos pelo que foi dito, escrito, pensado, imaginado, sonhado ou sugerido, alguma vez por alguém.

Tudo isto para dizer que estou solidário com os vendedores de automóveis.

Percebo a sua dor. Está uma campanha na televisão que afecta a sua imagem. Também eu exijo que seja retirada do ar, ou pelo menos que através da pós-produção coloquem cornucópias em todas as gravatas.

Podia ter havido mais cuidado na escolha do guarda-roupa. Onde é que já se viu gravatas lisas em stands...

Como diz Al Gore, voltámos à idade média, vivemos uma nova época das trevas em que apenas os bobos podem dizer a verdade. Valha-nos o Ricardo Araújo Pereira e o Bruno Nogueira (por favor, não se sintam ofendidos pela comparação).

Nuno Presa Cardoso, publicitário