Neus Català i Palleja, heroína republicana da guerra civil espanhola (1936-1939), sobrevivente de campos de concentração nazis alemães durante a II Guerra Mundial (1939-1945), figura emblemática da identidade catalã e combatente pelos direitos das mulheres onde quer que fosse, que morreu no passado dia 13 de Abril na pequena vila de Els Guiamets, na região vinícola de Priorat, Catalunha, onde nascera a casal de pequenos agricultores livres-pensadores, sendo o pai também o barbeiro da terra (a sua primeira luta reivindicativa fora aos 14 anos, nas vindimas, quando exigira e conseguira que as mulheres fossem pagas como os homens) e onde, desde que se tornara centenária (em família de longevidades: a mãe morrera com 100 anos e 100 dias), todos os anos a 6 de Outubro o município celebrava o seu aniversário — sendo de resto venerada em toda a Catalunha, que declarara 2015 o ano de Neus Català, em celebração não só dos feitos da sua luta antifranquista, o mais notável dos quais fora o transporte para França, mesmo antes da tomada de Barcelona pelas tropas de Franco, de 182 crianças de um orfanato, mais tarde adoptadas em França e, algumas, repatriadas, mas também da sua acção como membro da Resistência francesa contra Hitler, até ser denunciada pelo farmacêutico da vila onde vivia na Dordonha com seu marido francês, presa pelas SS, torturada em Limoges e mandada a seguir para o campo de concentração de Ravensbrück, do qual acabaria por ser a última sobrevivente em Espanha, seguindo de Ravensbrück para outro campo, Flossenbürg na Baviera, onde trabalhara fabricando material de guerra, havendo ela e outras sabotado de muitas maneiras munições, milhões de balas para espingardas e obuses para canhões, deixando-se ficar em França, que lhe atribuíra a Cruz de Guerra, depois da sua libertação e do fim da guerra. (Ao ser libertada dos campos por tropas aliadas não era mais que “um esqueleto com dois olhos”).
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