Janos (depois John) Adalbert Lukacs, historiador convicto e controverso, que morreu de falha cardíaca na sua casa de Filadélfia, Pensilvânia, Estados Unidos da América, no passado dia 6 do corrente, nascera na Hungria a pai católico e mãe judia, divorciados antes da Segunda Guerra Mundial, tendo sido detido e alistado em batalhão de judeus presos criado pelos alemães vindos em 1944 apoiar o regime pró-nazi, tendo conseguido evadir-se e acolher as tropas libertadoras russas (soviéticas) com entusiasmo que cedo se transformou em desapontamento zangado até ao fim da vida — na sua obra, Estaline emparelha com Hitler como os dois maiores vilões do século XX — e, sem ter tornado a ver pai ou mãe, rumou em 1946 aos Estados Unidos onde foi acolhido por sucessão de instituições universitárias, começando pela Universidade de Princeton e reformando-se de Chestnut Hill College em Filadélfia, universidade católica só com alunas (viria a abrir as portas a rapazes em 2003), que o contratara desde 1947 até à jubilação em 1994, havendo, entretanto e depois, sido professor visitante em Johns Hopkins, Princeton, Columbia e outras universidades americanas bem como em algumas estrangeiras (incluindo a de Budapeste), configurando a pouco e pouco lugar muito especial no universo dos historiadores, os quais no tempo dele no Ocidente eram, na sua maioria, liberais, progressistas e inclinados politicamente para a esquerda enquanto Lukacs, ao longo dos anos cada vez mais católico apostólico romano praticante, se descrevia a si próprio como reaccionário, embora o seu reaccionarismo fosse acompanhado de profundo desprezo por muitas características e comportamentos dos Estados Unidos quer em política externa — entendera, como George Kennan, que a União Soviética era perigo que se podia perfeitamente conter e dominar (tal veio de resto a acontecer) e não Império do Mal; opôs-se à guerra do Iraque de George W. Bush — quer em política interna onde, seguindo Alexis de Tocqueville, temia a tirania da maioria, o populismo e a brutalidade que vêm com ele. “O tipo de nacionalismo que Hitler incarnou tem sido e continua a ser a mais mortífera das pragas modernas.”
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