Exclusivo

José Cutileiro, In memoriam

Richard Lugar (1932-2019)

Senador pelo Estado de Indiana entre 1977 e 2013 foi louvado publicamente como o servidor público modelo

Richard Green Lugar, que morreu no domingo, 28 de Abril, numa casa de saúde em Falls Church, Virgínia, devido a complicações de polineuropatia desmielinizante inflamatória crónica, doença neurológica extremamente rara, senador pelo Estado de Indiana de 1977 a 2013 — nunca ninguém o foi por tanto tempo — cuja saída em 2013 poderia de resto servir de parábola ao desvio dogmático e irracional do Partido Republicano para a direita nos últimos anos, mas com uma espécie de happy ending ausente até agora da vida política real; nas primárias republicanas de 2012, alto funcionário estadual republicano membro da facção Tea Party desafiou Lugar e ganhou a primária por 60% a 40% , mas o seu extremismo perdeu-o na verdadeira eleição — depois de se ter declarado contra o aborto mesmo em casos de violação, pois se tal acontecesse era porque Deus assim tinha querido, o seu opositor democrata mobilizou moderados neutrais e republicanos e ganhou largamente a eleição — continuando Lugar, uma vez fora do Senado, a sua batalha pela sensatez e o bipartidarismo por um lado e, em política internacional, a defesa de várias iniciativas suas, muitas vezes nem sempre bem recebidas de entrada pelo seu próprio partido mas constituindo depois ferramentas valiosas não só na promoção dos interesses dos Estados Unidos da América mas também da paz mundial e de relações sensatas e menos desconfiadas do que de costume entre as grandes potências; esse rigor moral constante levou o chefe dos republicanos no Senado, que continua a ser o mesmo, a louvá-lo publicamente, quando ele saiu, como “o servidor público modelo. Ganhou o respeito e a admiração de toda a gente que cruzou o seu caminho. E posso garantir-vos, no mundo da política, isso é nada menos do que um milagre”.

Para continuar a ler o artigo, clique AQUI
(acesso gratuito: basta usar o código que está na capa da revista E do Expresso. Pode usar a app do Expresso - iOS e Android - para descarregar as edições para leitura offline)