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José Cutileiro, In memoriam

Richard Green (1936-2019)

Psiquiatra e advogado foi uma das figuras centrais do estudo da sexologia em sociedades dos dois lados do Atlântico

Richard Philip Green, psiquiatra e advogado que, na sua casa de Londres, no passado dia 6 de Abril (há três décadas, depois de acrescentar aos títulos médicos licenciatura em Direito por Yale, mudara dos Estados Unidos para Inglaterra o centro das suas actividades profissionais e da sua vida social, praticando principalmente no Imperial College e no Charing Cross Hospital, ambos de Londres, bem como na Faculdade de Direito de Cambridge onde era Fellow de Darwin College — também em Inglaterra se tornara amigo de Yoko Ono e frequentara o mundo artístico a ela ligado — embora não quebrasse laços tecidos ao longo dos anos com centros de saber das duas costas da América do Norte incluindo a sua alma mater, Johns Hopkins, onde ficara médico e depois se doutorara em psiquiatria, quando a famosa Universidade de Baltimore era ainda muito restritiva na admissão de estudantes judeus, fossem estes dos mais ortodoxos ou fossem laicos ateus, como era o caso de Green), morreu de cancro do esófago, tendo a morte sido anunciada pelo filho, foi uma das figuras centrais do estudo da sexologia em sociedades como as dos Estados Unidos e do Canadá do lado de lá do Atlântico e as do Reino Unido, da França e de outras sociedades europeias do lado de cá, onde se assiste há mais de meio século à proliferação de sexualidades diferente daquelas que eram as habituais — e únicas toleradas até hoje nas leis e costumes de muitas partes deste nosso mundo — havendo-se Richard Green distinguido desde cedo pela clareza da suas posições, para a qual terá contribuído, além do mérito do seu pensamento científico, a sua indiferença ao que terceiros pensassem dele para lá de familiares e amigos chegados. Homenageando-o no serviço fúnebre, o filho assim disse, acrescentando que o pai não tinha o mínimo interesse em normas sociais.

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