José Cutileiro, In memoriam

Jean-Louis David (1934-2019)

Foi um dos cabeleireiros que mais revolucionaram a sua arte nos anos sessenta e setenta do século passado

Jean-Louis David, que morreu na sua casa de Épalinges, um subúrbio de Lausana, na Suíça, onde há anos passara a residir, embora tivesse também casa nas Ilhas Caimão (que lhe haviam fornecido não só residência mas também passaporte) no dia 3 deste mês, de complicações de herpes zóster do qual começara a sofrer na Primavera passada, foi um dos cabeleireiros que revolucionaram a sua arte nos anos sessenta e setenta do século passado, fazendo-a acompanhar as grandes mudanças na maneira de viver e de se apresentar de europeus, europeias, americanas e americanos citadinos, na realidade das elites urbanas de todo o mundo não comunista próspero — foi a época dos Beatles e do rock’n roll, da mini-saia, da pílula anticoncepcional, da liberdade dos costumes, de ‘make-love-not-war’ , das drogas, de diferenças aparentes, inéditas e sentidas entre a geração dos pais e das mães e a das filhas e dos filhos, como não havia memória desde os anos vinte, logo a seguir à Primeira Guerra Mundial, mas agora muito mais marcada pelo progresso das comunicações, mesmo sem que houvesse ainda internet — e, no caso dele, tendo sido e continuando Paris a ser o centro do mundo para a moda feminina, levando-o a ir tão ou mais depressa do que os mais arrojados costureiros ou fotógrafos, cristalizando no estilo que inventou, chamado dégradé (os cabelos iam sendo cortados em camadas de comprimentos diferentes de maneira que depois, se golpe de vento ou carícia de namorado os despenteassem, um jeito de mão bastaria para os levar ao lugar), a coupe sauvage, chamaram-lhe em França, que agradou imenso às mulheres.

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