José Cutileiro, In memoriam

Rafi Eitan (1926-2019)

Figura lendária dos serviços de espionagem e contra-espionagem israelitas, antes e depois da declaração de independência

Rafael “Rafi” Eitan — nascido Hantman a pai agricultor e poeta e a mãe activista social, judeus emigrados da Rússia para a Palestina onde tinham ido viver no kibbutz Ein Harod mas, nos anos oitenta do século passado, ele e o irmão haviam decidido ‘hebreuizar’ o nome, como muitos outros fizeram na altura —, que morreu no sábado passado no Centro Médico Ichilov de Telavive, onde fora internado há pouco, era figura lendária dos serviços de espionagem e contra-espionagem israelitas, antes e depois da declaração de independência em 1948, com o seu nome associado a numerosas façanhas nesse universo especial que em todos os países revela por vezes facetas rocambolescas, mas em Israel é também testemunho e garantia da própria sobrevivência do Estado, que no seu caso, quer trabalhando em serviços governamentais quer antes ou depois destes, começara quando aos 12 anos se voluntariara para o Haganah, sendo promovido para o Palmach (elite do Haganah, força paramilitar ilegal contra o ocupante britânico, activa vários anos antes da independência), ao acabar o liceu, interrompendo para estudar economia na London School of Economics mas voltando com a mesma determinação, coragem e habilidade, e começando a ter fama, sobretudo depois de, após outras proezas ousadas, ter feito explodir radar britânico no Monte Carmelo, perto do porto de Haifa, que localizava navios trazendo para a Terra Santa imigrantes judeus ilegais, para conseguir alcançar o qual tivera de rastejar dentro de esgotos, pelo que à fama se juntara alcunha que ficaria para a vida — O Fedorento. Ariel Sharon, por exemplo, amigo chegado desde esses dias, nunca mais o tratara de outra maneira.

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