José Cutileiro, In memoriam

Eugeniu Iordachescu (1929-2019)

Eugeniu Iordachescu, que morreu de ataque de coração no seu apartamento de Bucareste no passado dia 4 de Janeiro, foi um engenheiro civil romeno que se formara com distinção em universidade da capital do seu país e desempenhava funções técnicas e administrativas importantes sob o regime de Nicolae Ceausescu (ditador comunista, último da espécie na Roménia, que fez visita de Estado a Portugal pouco depois do 25 de Abril, ficou hospedado no Palácio de Queluz, trazia na comitiva provador da comida para o caso de esta estar envenenada, e foi derrubado em 1989, depois de proverbial descida a Bucareste de mineiros para dispersarem à pancada manifestantes contra a ditadura ter falhado, julgado à pressa no dia de Natal com sua mulher Elena, diante de câmaras de televisão, por tribunal improvisado que os condenou à morte, sendo a sentença imediatamente executada a tiro, sem vendas nem pelotão de fuzilamento e anunciada assim na rádio nacional romena: (“Oh, que maravilhosa notícia para a noite de Natal. O Anticristo morreu”), Nicolae Ceausescu pois, que a seguir a visita a Kim Il-sung na Coreia do Norte, inspirado pela arquitectura por este mandada edificar em Pyongyang — les beaux esprits... — resolveu mandar arrasar parte de Bucareste e lá pôr centro cívico de jaez arquitectónico ditatorial coreano com gigantesca ‘Casa da República’ no meio.

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