Opinião

50 anos de AIVE: o vidro como pilar de um futuro sustentável

Ao celebrar 50 anos, a AIVE reforça o papel do vidro de embalagem como material seguro, reciclável e essencial para um futuro sustentável, apostando na inovação, descarbonização e economia circular

Em setembro, a AIVE celebra 50 anos de história. Meio século da associação que promove e defende a indústria do vidro de embalagem, um setor que é, hoje, mais do que nunca, um agente ativo na construção de um futuro mais sustentável. Apoiar os industriais de vidro de embalagem em Portugal tem sido, desde 1975, a nossa missão — uma missão que evoluiu ao ritmo das exigências ambientais, tecnológicas e sociais do nosso tempo.

A origem da AIVE remonta a 1961, com o Grémio Nacional da Indústria Vidreira, como parte da estrutura de grémios profissionais corporativos. Com o 25 de Abril de 1974, esses grémios foram extintos quase automaticamente, dando lugar a uma nova forma de organização empresarial. Nesse espírito de reorganização, em 1975 foi constituída a Associação da Indústria Vidreira, que viria a adotar posteriormente a atual designação, AIVE - Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem, passando a representar formalmente o setor com foco específico nas embalagens de vidro.

Desde então, acompanhando a evolução do setor, as embalagens de vidro são muito mais do que meras embalagens, são hoje uma escolha consciente e estratégica no caminho para um futuro mais sustentável. O vidro é um material único: inerte, seguro e saudável; preserva o sabor, aroma e qualidade dos alimentos e bebidas que embala, pode ser reutilizado e é 100% reciclável. Por isso mesmo, é um verdadeiro pilar da economia circular. Nos últimos anos, os nossos associados têm feito um percurso notável de investimento em inovação, modernização industrial e eficiência energética. Tudo isto com um objetivo claro, o de tornar o vidro uma solução de embalagem carbonicamente neutra.

O compromisso ambiental da indústria do vidro de embalagem em Portugal, não é recente. Já em 1999, as empresas do setor assinaram com os Ministérios da Economia e do Ambiente um contrato voluntário retroativo a 1994, com metas estabelecidas para reduzir resíduos, emissões e consumo de recursos.

Ainda nos últimos 30 anos, a performance ambiental do setor foi notável, com uma redução do consumo específico de água de 80% e de energia de 30%. As emissões de CO2 reduziram 51%, as de SO2 78%, as de NOx 44% e as partículas 91%, no mesmo período (Fonte: Melhoria Contínua, CTCV).

Atualmente, as três associadas que operam seis fábricas, geram cerca de 3 500 empregos diretos e indiretos, produzem mais de 16 milhões de embalagens por dia — cerca de 6 mil milhões por ano — e mais de metade da produção nacional abastece mercados externos, conciliando peso económico com um percurso contínuo de sustentabilidade.

A transição energética é parte fundamental deste percurso. Para que o vidro continue a ser uma escolha sustentável em termos de embalagem, é necessário acelerar a substituição da principal fonte energética do seu processo produtivo: do combustível fóssil gás natural, para fontes de energia renováveis, como o biometano, a eletricidade verde ou o hidrogénio e promover uma incorporação cada vez maior de vidro reciclado no seu processo produtivo, em substituição de matérias-primas virgens. Paralelamente, há ainda um esforço contínuo em tornar as embalagens mais leves e eficientes; olhando por exemplo, para os últimos 10 anos, o peso das embalagens de vidro diminuiu cerca de 14%, reduzindo assim a pegada de carbono desde a produção até à sua distribuição.

Para garantir o futuro da indústria vidreira europeia numa economia circular e com impacto neutro, é agora essencial apostar em vias disruptivas de descarbonização do seu processo produtivo. Mas esta transição exige não só uma transformação profunda dos processos, como também investimentos operacionais e de capital, avultados. Por isso, é fundamental que existam políticas públicas que verdadeiramente apoiem o cumprimento dos objetivos climáticos da União Europeia para 2050 para o setor conseguir liderar esta transformação, continuando a produzir embalagens seguras, reutilizáveis e verdadeiramente circulares.

Mas a sustentabilidade de uma embalagem de vidro não se limita à sua produção, está também na forma como cada embalagem é tratada após a sua utilização. É por isso que a AIVE assume como prioridade, aumentar a taxa de recolha de embalagens de vidro usadas para 90% até 2030. Trata-se de um compromisso da indústria que envolve toda a cadeia de valor, desde os cidadãos às entidades gestoras, passando pelas autarquias e pelo setor da distribuição e hospitalidade.

Olhando para trás, reconhecemos o percurso notável de transformação da nossa associação: de associação patronal fundada em 1975, evoluímos para uma associação empresarial moderna a partir de 2006, com uma voz ativa em temas como a sustentabilidade, inovação e economia circular.

Celebrar os 50 anos da AIVE é celebrar a capacidade de adaptação, a visão estratégica e a união de um setor que vê a sustentabilidade como o caminho que escolhe seguir, não onde quer apenas chegar. Um caminho que se constrói com inovação, com responsabilidade e com transparência. Tal como o vidro.