Guilherme estava no centro de abate de automóveis quando o fogo entrou de rompante e a GNR mandou evacuar o local. Ninguém se apercebeu dele, ficou para trás. Sozinho no meio do inferno, protegeu-se como conseguiu, encostando-se à parede de pedra de uma casa. Um telefone tocou lá dentro. Agarrou-se a ele pedindo ajuda. Ainda demorou até que um habitante da aldeia entrasse no recinto para o ir buscar. Guilherme aguentou todo esse tempo, que nem sabe dizer quanto foi. Sobreviveu. E contou tudo agora à Joana Ascensão. A história dele está nestas páginas, para memória futura. A imagem dele fica na nossa primeira página: sobrevivente, com marcas profundas. É a imagem do país, quando acabar este terrível agosto.
Exclusivo
A marca que tudo isto nos deixa
Estes dias deixaram marcas. Algumas são irrecuperáveis: as vidas perdidas e as destruídas. Outras demoram a sarar, como o sentimento de abandono no interior, a de fragilidade do sistema e a da insensibilidade de quem lidera