Concorde-se ou não com a sua governação passada e com aquilo que se poderia antecipar do que seria uma sua governação futura, Pedro Passos Coelho entrou e saiu rapidamente desta campanha com evidente estrondo nas hostes laranja e entre todos os que ainda não perderam a lucidez. Não há almoços grátis e a esta hora Luís Montenegro deve lamentar profundamente a ideia, que imaginou unitária, de juntar à mesa do almoço todos os ex-presidentes do PSD. Entre três passadas à entrada da sede do partido, Passos Coelho reduziu a nada a estratégia eleitoral de Montenegro. Primeiro, e ao contrário do tão prestável Cavaco Silva, não teve nem uma palavra sobre a idoneidade pessoal do primeiro-ministro — um dos temas da campanha. Depois, e face às sorridentes previsões económicas do Governo e do PSD, Passos Coelho veio desautorizá-las implicitamente, chamando a atenção para o elefante na sala que Montenegro e os seus fingem não ver: o vento de instabilidade política e económica que varre o mundo e que não augura nada de bom nem aconselha promessas irrealistas. E, finalmente, face ao disco rachado da “estabilidade”, que parece ser tudo o que Montenegro tem para oferecer aos eleitores, Passos Coelho veio lembrar que não serve de nada ter estabilidade se ela não for aproveitada para algumas reformas eternamente adiadas e tornadas ainda mais prementes pelas nuvens no horizonte. Um, dois, três: um tiro na popa, outro no convés e um terceiro na proa. Não ficou nada a salvo da estratégia eleitoral do PSD, demolida por um dos seus.
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O que ele foi dizer...
Quanto à CP, essa empresa cujos trabalhadores gozam livremente com os outros portugueses e com aquilo a que chamam serviço público, a minha ideia era simples: liquidá-la, tão depressa quanto possível