Quando me disseram que a extrema-direita tinha levado uma grande tareia no 25 de Abril, pensei que o meu interlocutor estava a falar de História. Afinal, não eram notícias antigas. Alguns cidadãos de índole autoritária tinham resolvido organizar uma festa com porco no espeto, no passado dia 25 de Abril, e, para surpresa de todos, os convivas acabaram por revelar uma inclinação para a violência. A polícia teve então de acalmar os desordeiros recorrendo a umas bastonadas na ilharga e a uns bofetões nas ventas. O porco no espeto não foi o único que ficou com o lombo a arder. O caso tem dois ou três aspectos bastante misteriosos. Primeiro, não se percebe bem o que é que os vândalos teriam para comemorar no Martim Moniz, naquele dia, em vez de estarem em casa, a chorar, em posição fetal. Que a extrema-direita festeje o 25 de Abril faz tanto sentido como os perus quererem celebrar o Natal. Talvez estes energúmenos tenham percebido mal certas palavras de ordem que se gritam naquele dia, mas é melhor que alguém lhes explique — com o auxílio de desenhos, talvez — que “Fascistas, rua!” não é um pedido para que eles saiam de casa.
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Confirma-se que há criminosos no Martim Moniz
A extrema-direita quis fazer uma patuscada para celebrar o 25 de Abril e o Chega admitiu que, afinal, é possível a polícia exceder-se nas intervenções no Martim Moniz. Não admira que, três dias depois, o apocalipse tenha chegado sob a forma de apagão