No interior do país, uma aldeia com mil habitantes é uma metrópole. No interior interior do país, uma aldeia com 100 habitantes também. Enquanto no interior do país há centros de saúde com médicos estrangeiros, bombeiros que recebem jeropigas de agradecimento, quartéis da GNR onde pouco toca o telefone, cemitérios entulhados e imortais presidentes da junta, no interior interior do país há velhos e cabras. “Aqui o povo só tem 14 pessoas” diz-me a D. Carminho, residente na aldeia da Cerejeira desde que nasceu. No interior interior não há campanhas eleitorais porque quase que não há eleitores, não há repórteres porque nem sempre há fogos, não se ouve a alegria das crianças porque os reprodutores há muito que brincam ao toca-e-foge.