Opinião

Novas eleições, o mesmo planeta

O mais importante é que, no dia 10 de março, votemos de forma consciente e informada - desde o compromisso de garantir e reforçar Direitos Sociais e Humanos, ao de travar ativamente as crises climática e de biodiversidade

Quem tem acompanhado os debates entre os vários partidos candidatos às Eleições Legislativas do próximo dia 10 de março terá certamente reparado que, no que toca ao ambiente, conservação da natureza ou combate às alterações climáticas, pouco ou nada tem sido falado. As menções feitas têm estado muito aquém do destaque que a degradação da biodiversidade e a urgência climática merecem aos dias de hoje.

No entanto, o facto de estes serem temas ausentes durante os poucos minutos de espaço televisivo ou radiofónico, não significa que, no meio de páginas e páginas de programas eleitorais, a preocupação ambiental não esteja refletida de alguma forma na agenda política dos vários partidos, com mais ou menos (ou nenhum) peso.

Ainda assim, para quem a conservação da natureza é uma das prioridades no ato de assinalar a cruz, continua a ser difícil encontrar consistência nas medidas propostas e são poucos os partidos que fazem match com as medidas prioritárias apontadas pelas ONG em Portugal.

Em alguns programas eleitorais (por exemplo, BE, Livre e PAN) encontramos a causa ambiental como uma clara prioridade, não só nas propostas apresentadas como também na consistência e integração dessas medidas com as restantes prioridades: proteger a natureza é proteger também as pessoas, a nossa saúde e a nossa economia. Mas noutro extremo, encontramos partidos que não só apresentam poucas propostas ao nível ambiental, como defendem medidas que seguem na direção totalmente oposta ao desejável. Como exemplos, vemos a IL e a AD a pensar que podem resolver o gravíssimo e complexo problema da seca através de um sistema de transvases nacionais ou da dessalinização, e o CHEGA a ignorar a emergência climática e a consequente tendência mundial de abandono dos combustíveis fósseis, propondo benefícios fiscais aos produtos petrolíferos. Já no caso do PS, não deixa de ser incoerente que no seu programa eleitoral defenda, e bem, uma estratégia para a disseminação de comunidades de energia renovável, ao mesmo tempo que nos seus últimos anos de governação tenha espalhado centrais solares de grandes dimensões com enormes impactos não só na biodiversidade como também nas comunidades locais.

Então, o que se espera do próximo Governo? Sabendo que as alterações climáticas e a perda de biodiversidade são dois dos maiores desafios do nosso tempo, o próximo executivo terá de enfrentar estes desafios com urgência, coragem e determinação. E a sociedade civil estará atenta e pronta para pressionar sempre que necessário.

O mais importante é que, no dia 10 de março, votemos de forma consciente e informada - desde o compromisso de garantir e reforçar Direitos Sociais e Humanos, ao de travar ativamente as crises climática e de biodiversidade. A sustentabilidade do planeta não é só crucial para o bem dos animais, dos rios, das florestas, do oceano, mas também para a nossa própria sobrevivência enquanto espécie.